A biografia autorizada do primeiro-ministro e presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, intitulada "Somos o que escolhemos ser", da autoria de Sofia Aureliano, assessora do Grupo Parlamentar Social-Democrata, será apresentada no Clube Farense, em Faro, dia 22 de maio, pelas 21h00, numa sessão presidida pelo Deputado Cristóvão Norte e apresentada por Joaquim Guerreiro.

 

No livro, da editora Alêtheia, Passos Coelho é descrito como um homem racional, corajoso e desapegado do poder que "levantou Portugal do chão" na chefia do Governo PSD/CDS-PP. A sua história pessoal e política é narrada com recurso a declarações do próprio e de outras pessoas próximas, destas duas esferas.

O momento mais instável desta legislatura, "a grande crise" do verão de 2013, é enquadrado com "incompatibilidades" crescentes e "antipatia natural" entre os ministros Paulo Portas e Vítor Gaspar e, sobre a demissão deste último, é atribuída ao primeiro-ministro a seguinte frase dirigida ao presidente do CDS-PP: "Ele não vai aceitar ficar e eu, no lugar dele, também não aceitaria".

Com 234 páginas, o livro está dividido em quatro blocos, "Até à idade adulta", "Até à liderança do PSD", "No exercício do poder" e "Que futuro?", e reserva um capítulo para o período entre 1999 e 2004, "Passos de um cidadão imperfeito", dedica outro à mulher de Passos Coelho, intitulado "Laura, o porto seguro", no qual se fala da sua doença oncológica, e também tem um capítulo sobre o lugar onde moram, Massamá.

No plano familiar surge a história de Teresa Rosa, acolhida em criança pelos seus pais, quando estavam em Angola, apresentada como ainda "sem terra", o que Passos Coelho lamenta: "Estamos numa época em que uma pessoa que vive há quarenta anos em Portugal, e que viveu a vida inteira no seio de uma família portuguesa, não consegue naturalizar-se".

Luís Marques Mendes, Jorge Moreira da Silva, Marco António Costa, Pedro Santana Lopes e Luís Montenegro foram figuras sociais-democratas que contribuíram para este livro.

Sem revelar factos novos referentes à ligação de Passos Coelho à empresa Tecnoforma ou às polémicas relacionadas com a sua carreira contributiva, a autora afirma que "os anos de 1999 a 2004 foram alvo de redobradas atenções", porque "foram anos em que este cidadão foi mais imperfeito".

É a respeito da Tecnoforma que aparece um nome ausente do resto desta biografia, o de Miguel Relvas. Sofia Aureliano refuta que Passos Coelho tenha servido de ponte entre aquela empresa e o poder político: "Estava afastado da esfera política e não tinha afinidades com o Governo dessa altura. Exceção para Miguel Relvas, seu amigo pessoal".

A autora propõe-se, sobretudo, traçar um perfil, mostrar "o homem, que o político nos tenta esconder", desde a infância, dando destaque à família, e não descreve as campanhas internas para a liderança do PSD de 2008 e 2010, nem a campanha nacional para as legislativas de 2011 - nas quais Miguel Relvas teve um papel central.

Nos tempos de liderança da Juventude Social Democrata (JSD), Passos Coelho é retratado como duro na relação com o então primeiro-ministro, Aníbal Cavaco Silva, e atual Presidente da República, em dois episódios.

A ameaça de votar contra o Orçamento do Estado por causa das propinas é um deles, apontado como "a primeira vez que Cavaco Silva cedeu numa negociação, sobretudo com características tão especiais".

No outro, ao saber que o primeiro-ministro pretendia faltar a um evento sobre ambiente, o líder da JSD protesta nos seguintes termos: "O senhor desculpe, mas se diz que não vai, eu vou dizer que não vai porque não quer! Porque cancelou à última da hora. Eu não vou inventar outra coisa qualquer". Segundo o relato, Cavaco Silva acabou por ir.

Interrogado agora se alguém o questiona como ele questionou Cavaco Silva, o atual chefe do executivo PSD/CDS-PP "responde que não", mas "gostava que o fizessem".

Nascida nas Caldas da Rainha em 1981 e licenciada em comunicação social, Sofia Aureliano é assessora do grupo parlamentar do PSD desde 2011. Antes, foi jornalista na Rádio Comercial, produtora de televisão e trabalhou em consultoria e relações públicas, e docente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP).

 

Por VA/Lusa