“Em cada escola vai ser um caso. Se nós estivermos a falar de escolas na região Norte, esse problema vai ser relativamente fácil de resolver, porque no Norte há muitos professores disponíveis. Vai ser muito mais difícil nas escolas da Grande Lisboa, da Península de Setúbal e do Algarve”, disse Fernando Alexandre.
Em Santo Tirso, no distrito do Porto, onde inaugurou hoje os dois novos Centros Tecnológicos Especializados do Agrupamento de Escolas Tomaz Pelayo, Fernando Alexandre não avançou com datas específicas para a substituição dos 700 professores que vão reformar-se neste arranque de ano letivo, mas garantiu que o Governo está a trabalhar “em múltiplas dimensões”.
“Estamos a atuar em múltiplas dimensões. A procura dos cursos de educação foi muito superior à oferta e já tinha aumentado 20%, com a negociação que fizemos com as universidades e politécnicos (…). Temos quase 20.000 professores profissionalizados que não estão colocados. Tivemos muitos professores que deixaram a profissão pela forma como foram tratados ao longo de décadas, mas isso está a mudar”, referiu.
Quanto à colocação de professores, o ministro da Educação afirmou que será mais rápida graças à reforma da nova Agência para a Gestão do Sistema Educativo.
“Agora temos um sistema de colocação dos professores que vai ser duas vezes mais rápido do que era. Já partir desta semana, a substituição vai ser mais rápida do ponto de vista administrativo, mas nós não vamos, de um ano para o outro, resolver uma falta estrutural de professores”, admitiu.
Fernando Alexandre explicou que, a partir desta semana, será feita a colocação dos professores duas vezes por semana em vez de uma vez.
“Nós demorávamos uma semana a fazer cada colocação, vamos passar a fazer o dobro e por isso todos os meses teremos o dobro das colocações, o que permitirá uma substituição mais rápida”, disse.
Ainda sobre a falta de professores nas escolas, Fernando Alexandre lembrou que foi promulgado o diploma que visa dar apoios a docentes deslocados e falou no concurso extraordinário direcionado aos horários que não são preenchidos sistematicamente.
“Mas eu quero voltar a repetir: falta de professores não significa que os alunos estejam sem aulas”, sublinhou.
O governante acrescentou, ainda, que este problema “resultou de uma falta de investimento de décadas” e por isso “não se vai resolver de um ano para o outro”.
“Não há maneira de, de um momento para o outro, resolver um problema que foi ignorado durante anos. Eu lembro-me de, em 2021, o governo do PS ter encomendado um estudo que identificava exatamente isto que acabámos de dizer: 4.000 professores iam, em média, reformar-se por ano e não fez nada. E não fez nada. Nós chegámos há um ano e meio e estamos a fazer desde o primeiro dia e vamos continuar a fazer”, concluiu.
Também questionado sobre o concurso dos mediadores linguísticos e se teme que os atrasos do processo criem constrangimentos na integração dos alunos estrangeiros, o ministro disse saber que “há escolas que já estão a finalizar a contratação”, mas admitiu que “outras se podem ter atrasado um pouco” e garantiu: “a autorização foi dada no mês de agosto”.
“Há muitas que estão mesmo a finalizar o processo de contratação. E, por isso, mais uma vez, é preciso também, cada vez mais, termos esta visão do nosso sistema educativo. O Governo tem um conjunto de responsabilidades, tem uma política nacional e recursos para a sua execução. Mas a implementação é cada vez mais das escolas e das autarquias. Porque é quem está próximo dos problemas que tem de ser capaz de resolver”, disse aos jornalistas à margem da visita.
Já na cerimónia, elogiou o investimento do Agrupamento de Escolas Tomaz Pelayo nos dois centros tecnológicos – um de informática e outro de indústria – hoje inaugurados, apontando que “a oferta de ensino profissional é essencial”, estando m causa “muitas vezes dar resposta às necessidades das empresas”.
Antes, o diretor do agrupamento, Fernando Almeida, revelou que a concretização deste projeto foi possível após candidaturas ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e que o centro industrial custou 1,6 milhões de euros, enquanto o de informática 700 mil.
“As empresas estão ávidas dos nossos formandos. Estamos a potenciar o ensino profissional em várias vertentes”, disse o diretor.
Lusa