Responsáveis das duas centrais sindicais, reunidos hoje em Madrid, assinaram a "Declaração Madrid-Lisboa", texto que concretiza negociações e acordos que começaram, em outubro do ano passado, num encontro em Lisboa.
Entre outras propostas, o texto defende a abertura das linhas entre Badajoz-Elvas e Marvão-Valência de Alcântara para o tráfico regional de passageiros, com ligações ao Porto, Lisboa e outras cidades.
Na proposta está, igualmente, englobada a adaptação a um mínimo de 250 km/h e eletrificação da linha entre Badajoz e Lisboa, por Évora, "e continuação desta até Madrid por um terceiro carril e via dupla eletrificada, para um tempo máximo de viagem entre as duas capitais de 3 horas e 40 minutos".
As centrais sindicais defendem também a adaptação a 180 km/h e eletrificação do trajeto Cáceres-Torres das Vagens, para tráfico regional e a igual velocidade da ligação entre Fuentes de Oñoro e Pampilhosa.
A construção da ligação Andaluzia-Algarve pela fronteira de Ayamonte-Vila Real de Santo António, adaptando a linha a uma velocidade de 200 km/h em via dupla eletrificada e a "implantação de diretrizes do eixo central e eixo atlântico para passageiros e mercadorias" são outras das propostas.
Os sindicatos consideram que estas propostas pretendem, entre outros objetivos, contribuir para a recuperação dinâmica da atividade social dos dois países, com especial enfase nas zonas transfronteiriças.
Melhorar a qualidade no transporte entre os dois países, aproximar a Península Ibérica do resto da Europa em termos ferroviários e fortalecer o setor nos dois países são também objetivos das propostas.
O texto hoje aprovado pretende ainda contribuir para a poupança com o transporte de passageiros e mercadorias, face às alternativas rodoviárias, e impulsionar maior fluxo de turismo entre os dois países.
No texto, os sindicalistas rejeitam qualquer ingerência na competência dos Estados em organizar o transporte ferroviário e declaram-se contra a separação completa dos gestores de infraestruturas e dos operadores ferroviários.
O texto termina com um apelo aos trabalhadores do setor ferroviário dos dois lados da fronteira para que "reforcem a unidade de ação em defesa de uma ferrovia pública, segura e de qualidade, assim como as condições de trabalho".
Abílio Carvalho, coordenador geral do setor ferroviário da FECTRANS-CGTP disse que o setor da ferrovia tem sido, nos últimos anos, "alvo de uma ofensiva brutal contra os trabalhadores" que procura desmantelar "um setor estratégico como é o ferroviário".
Este acordo, sublinhou, pretende fortalecer os laços entre os dois setores para garantir a melhoria de um sistema de transporte que é vital para as economias ibéricas.
Manuel Nicolás Taguas, secretário-geral do setor ferroviário da FSC-CCOO atacou, por seu lado, as tentativas de avançar com privatizações no setor ferroviário na Europa.
"(…) A ferrovia tem sido, é e deve continuar a ser um monopólio natural. Precisa de investimento inicial elevado e gastos de manutenção elevados. O que impede rentabilidade económica de forma imediata", afirmou.
"Por isso a rentabilidade deve ser medida noutros termos, como a facilidade para o cidadão ou para o desenvolvimento regional", adiantou.
A declaração de hoje vai ser entregue pelos representantes sindicais aos Governos dos dois países.
Por: Lusa