A Câmara de Castro Marim vai promover um conjunto de intervenções para mitigar as cheias que se têm verificado nos últimos anos na Frente-mar de Altura e em urbanizações inundáveis, anunciou ontem o município.

Em causa estão obras de prevenção e mitigação de inundações que resultam de “estudos e cruzamento de dados” realizados com o objetivo de definir “soluções” para as cheias e que mostram a importância do “planeamento, prevenção e mitigação dos ciclos de chuva” na zona de frente-mar de Altura e margens da Ribeira do Álamo, balizou a autarquia num comunicado.

“Entre os objetivos principais está a correção e minimização dos efeitos de um urbanismo sem cautela dos anos 70, 80 e 90 [do século XX], que se traduziram em impermeabilização de solos e na construção de barreiras ao escoamento natural da água, que têm causado inundações ao longo dos anos”, justificou a Câmara algarvia.

A execução de um “estudo hidráulico” da Ribeira do Álamo e Zonas Baixas da localidade de Altura para definir os caudais das últimas décadas, em cenários de preia-mar máxima, e “avaliar as condições de segurança dos terrenos e estruturas, nas situações mais gravosas”, vai agora orientar a elaboração de planos e loteamentos e de projetos de execução da rede pluvial pública, adiantou.

A Câmara Municipal de Castro Marim comprometeu-se a “desenvolver projetos e obras” que reduzam os “impactos das inundações decorrentes na frente-mar de Altura, nas urbanizações mais antigas, cuja rede de infraestruturas não acautelou no passado o escoamento de águas pluviais”.

O município deu o exemplo de intervenções executadas no passado, como a construção de um emissário submarino no âmbito do licenciamento do empreendimento turístico Verdelago, localizada entre Praia Verde e Altura, com “uma conduta e uma rede de emissão para alto mar” para “suporte ao escoamento das águas pluviais da zona sul de Altura”.

“Foi também criada uma rede de águas pluviais com cerca de seis canais subterrâneos, paralelo à Avenida 24 de Junho, onde existia anteriormente uma vala aberta, além de ter sido feito um escoamento e encaminhamento de águas diretamente para a Ribeira do Álamo, das urbanizações mais a norte da localidade”, assinalou também a Câmara algarvia.

A autarquia constatou que, “mesmo com uma manutenção e supervisão permanente” do sistema do emissário, condutas, redes pluviais e linhas de água e iniciativas de mitigação de “alguns efeitos”, a realidade mostra que os problemas se “adensam e persistem” devido também às alterações climáticas.

Entre as obras que a Câmara de Castro Marim tem previsto executar estão, por exemplo, uma intervenção num coletor para recolha e encaminhamento de águas pluviais e uma lagoa de retenção dentro da área do Plano Pormenor da Verdelago para “duplicar a capacidade de encaixe e sequente emissão via emissário submarino” e dar “suporte à gestão das áreas inundáveis”.

“O município de Castro Marim está empenhado em ordenar, melhorar e potenciar a fruição de todo o espaço público de uma das principais áreas costeiras do Algarve, minimizando os problemas criados pela ação humana (…) por falta de estudo e previsão da força da natureza”, referiu ainda a Câmara algarvia, salientando a importância destas ações perante a “maior intensidade de fenómenos naturais cada vez mais imprevisíveis, instáveis e frequentes”.

 

Lusa