Hugo Soares - que protagoniza hoje a volta nacional autárquica do PSD devido à participação de Luís Montenegro, como primeiro-ministro, no Conselho Europeu informal em Copenhaga - falava na sede de candidatura em São Brás de Alportel, onde o partido apoia pela terceira vez Bruno Sousa Costa numa coligação com o CDS-PP.
No Algarve, o dirigente social-democrata admitiu que a imigração tem uma “expressão maior” e considerou que o dia de terça-feira, quando foi aprovada um novo diploma sobre a entrada e permanência de estrangeiros, foi “um grande dia” para o país.
“Às vezes, custa-me ouvir o PS, que negou esta realidade e ainda ontem voltou a negá-la, votando contra a lei de estrangeiros, fazer um discurso como se nós estivéssemos a criar dificuldades a quem nos procura, como se nós não tivéssemos respeito por aqueles que querem vir para cá, como se nós fôssemos os maus e eles os bons”, disse.
E deixou uma pergunta, dirigida aos socialistas: “Os bons são aqueles que permitiram que tantos e tantos imigrantes que nos procuram vivam amontoados, aos 10, aos 15, aos 20, dentro de um apartamento? Isso é que é ser bom, isso é que é acolher bem, isso é que é ser humanista?”, questionou.
O secretário-geral do PSD defendeu que o Governo está “no centro da moderação” nesta matéria e sente-se “perfeitamente bem em ter a extrema-esquerda e a extrema-direita do outro lado”.
“Cada um de um lado e nós no centro na moderação”, frisou.
Hugo Soares admitiu que, nas autárquicas de 12 de outubro, há “um ponto de partida difícil” para o PSD (tem menos 35 câmaras do que o PS), mas reiterou qual é o objetivo nestas eleições.
“Não me levem a mal, nós não somos do PCP, nós não ganhamos quando perdemos, nós só ganhamos quando ganhamos mesmo. Para eu poder dizer que temos uma vitória na noite eleitoral, uma vitória a ter mais câmaras do que o Partido Socialista, é ganhar a Associação Nacional de Municípios”, frisou.
O secretário-geral disse sentir no terreno “uma dinâmica muito forte” das candidaturas do PSD, que atribuiu, por um lado, à preparação atempada das autárquicas e à escolha de bons candidatos, mas também a razões nacionais.
“Tem a ver também, confesso-vos na minha leitura, com a forma como as portuguesas e os portugueses têm encarado a governação do Governo da AD”, considerou.
Em concreto na região, disse que o executivo PSD/CDS-PP tem priorizado o Algarve, em matérias como a água, habitação, segurança e também saúde.
“Se não fosse este Governo, e por causa deste Governo, vai mesmo haver um hospital novo na região do Algarve e é por impulso do Governo da AD”, disse.
Em São Brás de Alportel, Hugo Soares previu que “à terceira vai ser de vez” e avisou que votar no Chega, neste concelho, “é deitar votos ao lixo”.
Antes em Loulé, Hugo Soares tinha sido questionado sobre a ausência do líder do Chega, André Ventura, da campanha autárquica e do debate no parlamento sobre a lei dos estrangeiros, mas disse não querer fazer especulações.
“Creio que se não esteve foi porque não pôde, honestamente não faço nenhuma leitura política disso. É um líder partidário, está ausente da campanha há dois dias, creio, podem ser vários os motivos, mas não sou que vou sequer fazer qualquer especulação sobre isso”, disse.
Lusa