A cerimónia iniciou-se com a intervenção de Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal de Loulé, que destacou o facto de o MIM da UAlg ter conseguido formar 195 médicos até à data, 40% dos quais se fixaram no Algarve. “Perante estes resultados, podemos afirmar que o Algarve é desde 2009 uma região atrativa para a prática da medicina e formação de jovens médicos.”
Na cerimónia, Paulo Águas relembrou os vários eventos promovidos para assinalar o 10.º aniversário do mestrado integrado em Medicina, incluindo no passado mês de março, em Portimão, a cerimónia de formatura da 6.ª edição do MIM e, no passado mês de fevereiro, no Campus de Gambelas, em Faro, as jornadas de Educação Médica. Mas, o reitor recuou não 10 anos, mas 40 anos. “Porque foi há 40 anos que tudo começou”. Numa clara alusão ao 40º aniversário da UAlg, recordou o processo de criação da Academia algarvia e o seu período de instalação, “que esteve sujeito a grandes dificuldades, impostas pela escassez de recursos e pelo contexto institucional inerente ao processo de consolidação do regime democrático, em curso à época”.
Paulo Águas elencou ainda alguns dos momentos-chave deste curso. Em 2009, o ingresso dos primeiros 32 estudantes, na sequência da aprovação em 2008, pelo XVII Governo Constitucional. Em 2013 graduaram-se os primeiros 29 médicos. Em fevereiro desse ano, recordou, «a anteceder a graduação, um jornal nacional fazia o seguinte título: “Bastonário prevê "bons médicos" no Algarve”, ultrapassando reservas iniciais manifestadas pela Ordem antes da entrada em funcionamento do curso». Em 2016, através de portaria conjunta do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e do Ministério da Saúde, é criado o Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algarve (ABC), consórcio entre o Centro Hospitalar do Algarve EPE e a Universidade do Algarve através do seu Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) e do Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina. Em 2017, a criação do Centro Hospitalar Universitário do Algarve EPE. Em 2018, a criação da Associação de Desenvolvimento do ABC, uma vez que o consórcio não está dotado personalidade de jurídica.
Contudo, o reitor questionou: “até parece que aconteceu tudo o que tinha que acontecer. Será? Não, não aconteceu tudo. O futuro Hospital Central anunciado em 2004 continua ausente no presente!” Para Paulo Águas, “a ausência de um Hospital com verdadeiras valências universitárias tem dificultado o desenvolvimento do ensino médico na região”. O reitor defende que, “o novo Hospital é essencial para a atração e fixação de médicos na região, para o aumento da investigação, para o desenvolvimento do curso de medicina, para a melhoria dos cuidados de saúde, para a coesão territorial, para a competitividade regional”.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, elogiou o “ensino inovador, referido e referenciado a nível internacional” e a “ambição de fazer mais e melhor pelo Algarve”.
A secretária de estado da Saúde, Raquel Duarte, realçou na sua intervenção “as bases sólidas de conhecimento que os alunos do MIM adquirem nesta formação, a melhoria da qualidade médica especializada, e o aumento do número de médicos profissionais no Algarve”, num “claro apreço à UAlg pelo magnífico trabalho desenvolvido”.
Isabel Palmeirim, diretora do MIM falou do passado, do presente, mas também do futuro, salientando as características únicas do curso, exclusivamente para licenciados, com um método de seleção baseado na avaliação psicotécnica e de características humanas e de raciocínio. “Um curso inovador em Portugal com um ensino baseado em problemas clínicos e em sintomas dos doentes (Problem Based Learning-PBL), um método já testado e utilizado com sucesso noutros países, como Canadá, Austrália, Holanda e Inglaterra”. A diretora do MIM destacou ainda a forte componente de humanismo, com um ensino que privilegia a comunicação entre médico e doente. “Os resultados conseguidos são: a qualidade dos médicos formados e a baixa taxa de abandono; a fixação no Algarve de mais de 40% dos médicos formados; a contribuição para a melhoria dos cuidados de saúde no Algarve, quer nos cuidados de saúde primários, quer nos cuidados de saúde hospitalares”. No que concerne a avaliações internacionais (pelo External Advisory Board), o MIM é classificado “com o nível de excelência, tendo o seu futuro garantido”.
Na cerimónia foi ainda apresentado o projeto “ABC Loulé Active Life Health and Research”, uma iniciativa do Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algarve, que assume a designação internacional de Algarve Biomedical Center (ABC), criado a 8 de abril de 2016. O ABC é um consórcio entre o Centro Hospitalar Universitário do Algarve, o Centro de Investigação em Biomedicina (CBMR) e o Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina da Universidade do Algarve. O “ABC Loulé Active Life Health & Research” é um projeto inovador, com utilização de tecnologia de ponta e elevada diferenciação, enquadrado na estratégia de competitividade nacional e regional, que contribuirá para afirmar a região no setor da saúde, melhorando os cuidados prestados e a qualidade de vida dos cidadãos nacionais e internacionais, com um elevado impacto na economia regional através do turismo. Terá um investimento na ordem dos 16 milhões de euros, que será complementado com financiamento dos fundos europeus.
Por: UAlg