Descoberta de fóssil de salamandra gigante com 200 milhões de anos.

Uma nova espécie de salamandra gigante que viveu há 200 milhões de anos foi identificada num antigo lago no concelho de Loulé, Algarve, ficando com um nome dedicado à região, “Metoposaurus algarvensis”.

Segundo um estudo hoje publicado o anfíbio terá vivido em lagos e rios e seria um dos maiores predadores na altura.

O paleontólogo Octávio Mateus explicou à Lusa que a salamandra terá coexistido com os primeiros dinossauros e desaparecido durante uma extinção em massa que ocorreu há 201 milhões de anos.

“Houve várias extinções em massa e essa coincide com o afastamento dos continentes. Possivelmente tem a ver com essa situação, com a atividade vulcânica e a com a alteração do clima”, disse Octávio Mateus.

De acordo com os cientistas terá sido nessa altura que o supercontinente Pangea, que incluía todos os continentes, se começou a dividir, dando origem à forma atual do planeta. O paleontólogo, que participou na descoberta, lembrou que ao longo da história da Terra aconteceram várias extinções em massa, sendo que esta marcou o fim do período Triásico.

Segundo o estudo, publicado no Journal of Vertebrate Paleontology, as salamandras gigantes chegavam a ter dois metros de comprimento e seriam parentes distantes das salamandras de hoje. Tinham uma cabeça chata e centenas de dentes afiados.

“Este era o tipo de predador feroz que os primeiros dinossauros tinham de enfrentar, muito antes dos dias de glória do T.rex e Brachiosaurus”, disse Steve Brusatte, da Universidde de Edimburgo, citado no trabalho.

Octávio Mateus explicou à Lusa que aquele tipo de anfíbios era já conhecido mas que no Algarve foi descoberta uma nova espécie. Restos fósseis de salamandras gigantes já tinham sido descobertos em África e na América do Norte e em outros locais da Europa.

O estudo nota que a descoberta revela que a distribuição geográfica do grupo de animais era maior do que se pensava.

Octávio Mateus disse à Lusa que até agora foram descobertos dois crânios em “muito bom estado” e restos que os especialistas identificaram como pertencentes a nove indivíduos. Os estudos continuam em laboratório e no terreno assim os paleontólogos consigam um financiamento, disse.

Os trabalhos decorreram numa zona repleta de ossos de animais que poderão ter morrido quando o lago secou. Até agora só foram escavados cerca de quatro metros quadrados

Além de Octávio Mateus, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, e colaborador do Museu da Lourinhã, o estudo incluiu investigadores das universidades de Edimburgo, Birmingham e Museu de História Natural de Paris.

 

 

Por: Lusa