Fotos: Samuel Mendonça
Docente e investigadora da UAlg assina obra histórica sobre o Seminário de São José

10:30 - 11/11/2025 ALGARVE
Andreia Fidalgo, docente da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais e da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve (UAlg) e investigadora no Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-ISCTE), é a autora da nova publicação do Seminário de São José da Diocese do Algarve, que divulga a história da instituição bicentenária, também nas suas dimensões social e religiosa.

Intitulada Segundo o coração de Deus – O Seminário de São José da Diocese do Algarve, a obra foi apresentada às 18h30 do dia 5 de novembro, no âmbito da Semana de Oração pelos Seminários, no edifício do Seminário, no Largo da Sé, em Faro. Como refere a contracapa, “ao longo de mais de dois séculos, o Seminário de São José da Diocese do Algarve formou centenas de homens, marcou gerações e deixou uma profunda marca espiritual, cultural e patrimonial na região algarvia. Mas a sua história, feita de avanços e recuos, de reformas e resistências, de fé e de saber, permanecia, em grande parte, por contar.”

O livro resulta de uma investigação comissionada pelo Seminário de São José à historiadora Andreia Fidalgo. O objetivo foi publicar uma obra que abrangesse mais de dois séculos de história da instituição, dando a conhecer não apenas a sua trajetória, mas também o vasto património cultural de que é detentora. Assim, na primeira parte, a obra acompanha a evolução do Seminário desde a fundação até à contemporaneidade; na segunda, centra-se na herança patrimonial, abordando a arquitetura neoclássica, o espólio artístico, a biblioteca antiga e os arquivos musical e documental. A edição é da Paulinas Editora, referência nas áreas da teologia, história, religião, educação, psicologia e filosofia.

Segundo a autora, este trabalho de investigação assumiu contornos desafiantes: “por ser um tema mais centrado no domínio da história religiosa, que eu não dominava, até à época, de forma tão profunda, o que me obrigou a um processo de aprendizagem permanente que foi muito enriquecedor”; e “porque o arquivo do Seminário é constituído por um grande corpus documental, que a instituição tem à sua guarda. No entanto, este espólio nunca foi organizado, inventariado, catalogado para ser ‘consultável’ por um investigador; logo, foi necessário desbravar terreno, sem se saber ao certo quais os documentos que iam aparecer”. A investigação em arquivo durou cerca de um ano, seguida do tratamento dos dados e da redação, que ocuparam período equivalente.

O estudo revelou que a história do Seminário de São José ultrapassa a esfera estritamente eclesial: desde 1797, foi um polo de instrução num Algarve com pouca oferta educativa, formando não só futuros sacerdotes, mas também quadros civis nas humanidades e noutras áreas. Assim, a sua trajetória cruza-se com a da própria sociedade algarvia, nas expectativas educativas, na organização comunitária e na construção de elites locais. “A história do Seminário de São José é também a história da sociedade algarvia, das suas formas de organização, das suas expectativas educativas e dos seus mecanismos de construção e instrução das comunidades, num território frequentemente marcado pela distância em relação aos centros políticos e ditos ´cultos` do país”, conclui Andreia Fidalgo.

 

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