A nova Assembleia Municipal de Albufeira tomou igualmente posse, tendo Luna Silva sido eleita para a presidência deste órgão deliberativo.
A lista apresentada pelo Chega foi a única submetida a votação, recolhendo 17 votos favoráveis, dois votos contra e seis abstenções. A nova presidente destacou, no final, que a decisão expressa nas urnas foi respeitada e sublinhou que o consenso alcançado demonstra «maturidade democrática» das forças representadas.
O Chega passou a contar com 11 representantes na Assembleia Municipal, incluindo dois presidentes de junta. A coligação PSD/CDS dispõe de sete membros, enquanto o conjunto PS/Livre/BE/PAN soma seis, a que acrescem dois presidentes de junta. A Iniciativa Liberal marca presença com um deputado.
Entre os autarcas empossados encontra-se Joana Mascarenhas, que assume a Junta de Freguesia de Ferreiras, depois de Jorge do Carmo ter optado por integrar o executivo camarário e não acumular funções. Cláudio Marujo eleito pelo CHEGA lidera a Junta de Freguesia de Albufeira e Olhos de Água, Dinis Nascimento eleito pelo “Albufeira é Tua” lidera a Freguesia da Guia e Rita Coelho pelo “Albufeira é Tua” lidera a Junta de Freguesia de Paderne.
A cerimónia de tomada de posse do Executivo Municipal decorreu no Auditório Municipal, que rapidamente esgotou a lotação. Muitos cidadãos assistiram ao ato através de ecrãs instalados no exterior do edifício e no salão nobre. A sessão contou com forte mobilização de apoiantes.
O ato solene contou ainda com a presença de representantes locais e regionais, entre eles o líder nacional do Chega, André Ventura, e os deputados Rita Matias, Eduardo Teixeira e António Carneiro.
Rui Cristina sucede a José Carlos Rolo e passa a liderar um executivo sem maioria. Para além do presidente, o Chega integra dois vereadores: Jorge do Carmo e Cristina Corado. O PSD fica representado por José Carlos Rolo, Cristiano Cabrita e Cláudia Guedelha, enquanto o PS tem como vereador único Victor Ferraz. O antigo presidente da autarquia não esteve presente, justificando a ausência com motivos pessoais.
No seu discurso de tomada de posse, o novo presidente comprometeu-se a desenvolver uma forma de governação assente no contacto direto com os cidadãos. Afirmou querer «olhar nos olhos» dos habitantes do concelho e garantiu que a ação política será «feita na rua e não atrás de portas fechadas».
Sem maioria, Rui Cristina deixou um apelo à oposição para que haja «sentido de responsabilidade» e cooperação. Declarou que o que deve unir todos os eleitos é «o interesse de Albufeira e dos albufeirenses», anunciando que procurará estabelecer «pontes» e fomentar diálogo entre todas as forças representadas.
«Os albufeirenses escolheram a esperança sobre a inércia. Escolheram o inconformismo sobre o comodismo. Hoje celebramos a vitória da democracia e a força dos albufeirenses», declarou o novo autarca, visivelmente emocionado.
A habitação, a segurança e a área da saúde marcaram o eixo central do discurso. O autarca recordou os problemas identificados durante a campanha, afirmando ter testemunhado jovens que não conseguem permanecer no concelho por falta de habitação acessível, famílias sem acesso a médico de família e relatos de insegurança em algumas zonas urbanas.
No campo da habitação, Rui Cristina adiantou que pretende criar condições para a construção de novas casas a custos ajustados às famílias locais, bem como avançar com a revisão do Plano Diretor Municipal, instrumento considerado essencial para reorganizar o território de forma sustentável.
No que respeita à segurança, anunciou intenção de reforçar a fiscalização, requalificar áreas comerciais, criar um centro de coordenação de segurança e promover o aumento de efetivos da Polícia Municipal. Está também prevista a construção de um novo posto da GNR em Olhos de Água.
A saúde foi outro dos pilares destacados. O novo presidente lamentou que milhares de cidadãos não tenham médico de família e comprometeu-se a desenvolver, com o setor social do concelho, um programa que permita realizar consultas a quem se encontra sem acompanhamento clínico. O objetivo anunciado é alcançar mais de 12 mil consultas no primeiro ano de mandato.
Entre outras prioridades, Rui Cristina referiu a necessidade de melhorar a mobilidade e o sistema de transportes, aliviar problemas de estacionamento e fomentar uma oferta cultural diversificada. O autarca afirmou ainda que pretende atrair investimento, estimular indústrias criativas e afirmar Albufeira como município com maior dinamismo económico e social.
Antes de concluir, fez referência ao Algarve, que considerou «sistematicamente esquecido», e defendeu que, a partir de Albufeira, não hesitará em exigir ao Governo o avanço de investimentos estruturais, destacando o Hospital Central como prioridade regional.
A nova liderança municipal inicia assim funções num cenário político que exigirá negociações constantes. Rui Cristina, porém, fez questão de assegurar que está preparado para governar «ao lado das pessoas» e que a mudança agora iniciada deverá «transformar palavras em resultados».
Por Nathalie Dias