Empresas de turismo crescem mais em faturação e emprego, mas são menos sólidas

17:30 - 01/10/2025 ECONOMIA
As empresas de turismo estão a crescer mais em volume de negócios e emprego face à média do tecido empresarial, mas apresentam uma menor solidez e resiliência financeira, segundo um estudo divulgado hoje pela Informa D&B.

De acordo com o trabalho – que analisou cerca de 66.000 empresas das áreas da restauração, transportes, alojamento, serviços turísticos e atividades culturais e recreativas - estas foram “especialmente penalizadas” durante a pandemia de covid-19, mas têm vindo a registar desde então uma “recuperação robusta”.

“Os números relativos ao desempenho mostram que as empresas do turismo cresceram mais nos últimos anos face ao tecido empresarial”, refere a Informa D&B, concretizando que, “logo a partir de 2020, iniciaram uma recuperação robusta no volume de negócios de 31% ao ano, mais do dobro do tecido empresarial, onde o crescimento anual foi de 14%”.

O emprego também cresceu mais nestas empresas, com uma taxa anual de 5,2%, superior aos 3,6% registados no tecido empresarial.

De acordo com as conclusões do estudo, em 2023 o setor representava 17% das empresas com atividade comercial, totalizando um volume de negócios de cerca de 42.000 milhões de euros, um Valor Acrescentado Bruto (VAB) de 16.000 milhões de euros e sendo “um motor na criação de emprego”, com cerca de 416 mil empregados, o correspondente a 12% do total.

Citada num comunicado, a diretora geral da Informa D&B, Teresa Cardoso de Menezes, destaca que “o turismo tem assistido a um crescimento significativo em Portugal, tornando-se um dos setores com maior peso direto no VAB do país”.

Apesar de a maioria (60%) das 66.000 empresas do setor estar concentrada na Grande Lisboa e no Norte, é em regiões como o Algarve e nas ilhas que têm um peso maior, quer ao nível do valor que geram, quer ao nível do emprego.

Nos distritos de Faro, Madeira e Açores, mais de 20% do emprego é assegurado pelas empresas ligadas ao turismo, respetivamente 33%, 27% e 22%. Nas mesmas regiões, são também estas empresas que geram maior riqueza, com 34%, 21% e 27% do VAB, respetivamente.

A um nível ainda mais local, o estudo precisa que “há concelhos, sobretudo no sul e nas ilhas, onde as empresas do turismo são responsáveis por mais de metade do emprego e do VAB", avançando como exemplos Albufeira ou Vila do Bispo, no Algarve, ou de Santana e Porto Moniz, na Madeira.

Em termos absolutos, dada a grande concentração de empresas nessas regiões, os maiores números do emprego e VAB correspondem a Lisboa (162.000 empregos; 8.600 milhões de euros de VAB) e ao Porto (64.000 empregos; 1.800 milhões de euros de VAB).

Entre as 66.000 empresas do setor do turismo identificadas pela Informa D&B, a restauração é a atividade mais representada, com 26.000 empresas (39% do total), seguida dos transportes com 15.000, do alojamento e dos serviços turísticos (com cerca de 11.000 empresas cada) e das atividades culturais e recreativas (3.000).

A restauração é também a atividade que gera mais emprego, cerca de 205.000 postos de trabalho, enquanto os transportes geram mais volume de negócios e VAB.

As conclusões do estudo indicam ainda que, a seguir à pandemia, a criação de empresas de atividades ligadas ao turismo "cresceu de forma significativamente superior à das restantes atividades”, acentuando uma tendência que já se verificava desde 2015.

Assim, se desde esse ano até 2024 foram criadas 87.000 empresas de turismo, o ritmo acentuou-se logo a partir de 2021, com a criação de novas empresas de turismo a atingir um crescimento de 6,8% ao ano, que compara com um crescimento anual de 3,4% na generalidade do tecido empresarial.

Este crescimento foi transversal a todas as regiões e atividades, mas com um “peso muito significativo” dos transportes, que registou um crescimento anual de 28% na última década.

Pelo contrário, a Informa D&B aponta uma “menor solidez e resiliência financeira” das empresas de turismo face ao restante tecido empresarial, evidenciada, entre 2019 e 2023, por níveis inferiores de autonomia financeira e rácio de solvabilidade.

Da mesma forma, são menos as empresas de turismo que registam um nível de resiliência financeira elevado ou médio-alto (46%) face à percentagem da generalidade do tecido empresarial (51%).

No que respeita à avaliação de “Risco Failure” - que reflete a probabilidade de uma entidade cessar a atividade com dívidas por liquidar nos 12 meses seguintes – o diferencial é “ainda maior”: Só 64% das empresas de turismo mostra um risco mínimo ou reduzido, contra 74% na totalidade do tecido empresarial.

 

Lusa