Autárquicas: Habitação é a prioridade para candidatos à Câmara de Albufeira

10:30 - 25/09/2025 POLÍTICA
A segurança e a imigração estiveram em foco nos últimos meses em Albufeira, mas os candidatos à presidência da Câmara nas eleições autárquicas de 12 de outubro elegem a habitação como a prioridade do próximo executivo municipal.

Depois de o Relatório Anual de Segurança Interna ter colocado Albufeira entre os municípios com índices de criminalidade mais altos no país, esta área e a sua alegada ligação à imigração entraram na ordem do dia, mas os candidatos coincidem ao dizer que a insegurança se concentra em dois pontos ligados ao ócio noturno, considerando a habitação como prioritária.

A cerca de um mês das eleições autárquicas, a agência Lusa questionou os cinco candidatos à Câmara algarvia sobre estas matérias e todos reconheceram - exceto a candidata da CDU (PCP/PEV), Manuela Vardasta, com quem não foi possível estabelecer contacto -, que os preços elevados dos imóveis e dos arrendamentos estão a impedir a população de aceder a uma casa.

José Carlos Rolo, presidente da Câmara e candidato pela coligação “Ser Albufeira” (PSD/CDS-PP), rejeitou que a segurança seja um problema e argumentou que os crimes por número de habitantes mencionados no relatório não refletem o aumento populacional provocado pelo turismo, acabando a realidade “distorcida” por conteúdos que proliferam nas redes sociais.

Defendendo que Albufeira é um “destino turístico seguro”, o candidato do PSD/CDS-PP afirmou que a segurança “não é de todo um problema”, mas uma preocupação centrada em “500 ou 600 metros de rua, onde a animação noturna é mais intensa” e o consumo excessivo de álcool pode causar problemas, mas sem a dimensão que as imagens que circulam fazem crer.

Além da segurança, há questões mais importantes como a habitação, a saúde ou a educação, apontou José Carlos Rolo, afastando também a existência de uma ligação entre insegurança e a imigração, que “faz imensa falta” devido à falta de mão-de-obra que existe no concelho, observou.

Victor Ferraz, candidato da coligação “Albufeira é Tua” (PS/Livre/PAN/BE), disse que os dados “enviesados” dos relatórios de segurança não o impedem de reconhecer que há “pontos negros” como a Rua da Oura e a baixa da cidade, mas salientou que, “nas freguesias à volta, não há sequer esse sentimento” de insegurança nem uma ligação entre insegurança e imigração.

O candidato desta coligação considerou que “há outros assuntos mais importantes” a requerer a ação do município, “logo à partida a questão da habitação”, cujos preços altos estão a fazer o concelho “definhar demograficamente”, com a população a envelhecer e os jovens a deixar o município.

O candidato do Chega, Rui Cristina, considerou que Albufeira é um concelho “seguro”, mas conta com “dois focos de insegurança” que causam “real preocupação” e de onde surgem relatos e vídeos com “indícios de insegurança” que “têm de ser enfrentados” com mais Polícia Municipal e câmaras de videovigilância.

Rui Cristina defendeu a criação de um Centro de Coordenação Municipal para a Segurança, uma infraestrutura onde esteja presente a GNR, os terminais de videovigilância, a Polícia Municipal, os bombeiros, a Proteção Civil e alguma entidade da Saúde “para fazer frente a estes dois focos” e evitar que os casos “se alastrem para o resto da cidade”.

Rui Cristina admitiu que a imigração “é necessária” para a atividade económica de Albufeira, mas defendeu que “tem de ser controlada” e disse que a sua candidatura tem “a noção de que a falta de habitação é o maior problema” do concelho, seguido da saúde.

O candidato da Iniciativa Liberal, Miguel Matias, rejeitou a ideia de que a segurança seja um problema no concelho, mas disse que há uma perceção que “está nos ecrãs”, há registo de crimes de furtos ou desacatos e deve haver um reforço do policiamento de proximidade.

“A habitação, no nosso ver, é o maior problema que Albufeira enfrenta", coincidiu Miguel Matias, lamentando que o preço elevado desta necessidade básica esteja a “afastar os jovens” e a “sufocar quem trabalha” no município.

O candidato da IL defendeu uma revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), que é de 1995 e “bloqueia o desenvolvimento”, propondo a criação de um “gabinete de construção 2.0” para agilizar processos e defendendo uma “regulação” na área da imigração, que é necessária para pôr a atividade económica a funcionar.

A Lusa tentou em diversas ocasiões contactar a candidata da CDU à Câmara de Albufeira para incluir a sua posição neste trabalho e ouvir todos os candidatos à Câmara, mas sem sucesso.

As eleições autárquicas realizam-se a 12 de outubro.

 

Lusa