Venda de casas volta a crescer – e preço atinge maior subida de sempre

19:00 - 24/09/2025 ECONOMIA
Casas usadas continuam a ser as mais transacionadas, com os preços a disparar 18,3% num ano, revela INE.

A venda de casas em Portugal continua bem ativa, tendo-se contabilizado a transação de 42,9 mil habitações entre abril e junho de 2025 (mais 15,5% face há um ano). E, como a oferta residencial no país continua a ser baixa face a esta alta procura, os preços das casas voltaram a crescer, desta vez 17,2% num ano, o que representa o aumento homólogo mais expressivo de sempre, tal como destaca o Instituto Nacional de Estatística (INE). 

Tem-se assistido em Portugal a um aumento bem acelerado dos preços da habitação, que reflete o desequilíbrio entre a alta procura e escassa oferta. E o mesmo se observou no segundo trimestre de 2025: “A taxa de variação homóloga do Índice de Preços da Habitação (IPHab) foi de 17,2%, mais 0,9 pontos percentuais (p.p.) relativamente ao trimestre anterior, tratando-se do aumento homólogo de preços mais expressivo da série disponível”, refere o INE. 

Uma vez mais, o preço das casas usadas cresceu “de forma mais pronunciada” (18,3%) do que o custo das casas novas (14,5%) no segundo trimestre de 2025 face ao período homólogo, destaca ainda o instituto no boletim publicado esta segunda-feira, dia 22 de setembro.

Também a taxa de variação média anual dos preços das casas atingiu um “novo máximo da série disponível”, tendo crescido 13,8%, mais 2,4 p.p. que no trimestre anterior. Registaram-se acelerações tanto nos preços das casas usadas (14,6%, + 2,5p.p.) como nos preços das casas novas (11,7%, + 2 p.p.). Face ao trimestre anterior, o preço das casas em Portugal cresceu 4,7%, com o aumento dos preços das casas existentes (5,1%) a superar o das casas novas (3,8%).

 

Venda de casas sobe 15,5% num ano: quem compra mais e onde?

A compra e venda de casas em Portugal continua bem dinâmica, estando a ser estimulada quer pelos juros mais acessíveis no crédito habitação, bem como pelos novos apoios aos jovens para comprar a sua primeira casa própria (isenção de IMT e garantia pública). 

Prova disso é que, entre abril e junho de 2025, foram transacionadas 42.889 habitações, mais 15,5% face há um ano e mais 3,7% face ao trimestre anterior. Estes negócios residenciais movimentaram 10,3 mil milhões de euros, um valor 30,4% superior face a idêntico período do ano passado. A grande maioria destas casas foi adquirida por famílias (87,9% do total, ou seja, 37.699 alojamentos), somando um investimento de 8,9 mil milhões de euros.

 

Salta à vista que a grande maioria das habitações vendidas continua a ser casas usadas:

  • Casas usadas: foram vendidas 34.579 unidades (80,6% do total) no segundo trimestre de 2025, tendo crescido 16,7% em termos homólogos e 4,8% face ao trimestre anterior. Neste período, a compra de casas existentes movimentou 7,6 mil milhões de euros (+33,6% face ao ano anterior);
  • Casas novas: foram transacionadas 8.310 habitações de construção nova neste período, mais 10,9% do que um ano antes, mas menos 0,6% face ao trimestre anterior. A compra de casas novas movimentou 2,6 mil milhões de euros (+22% em comparação com o mesmo trimestre do ano passado).

Os dados do INE revelam ainda que a esmagadora maioria das transações de casas realizadas entre abril e junho foram protagonizadas por compradores com domicílio fiscal em território nacional (40.782 unidades), o que representa um aumento de 17,7% face ao ano anterior. Já “as transações de compradores com domicílio fiscal fora do território nacional, totalizaram 2.107 unidades, correspondendo a uma taxa de variação de -14,5% face a idêntico período de 2024 (+1,5% no 1.º trimestre de 2025)”, destaca ainda. 

Esta é uma tendência já observada há cerca de um ano, coincidindo com as mudanças das regras fiscais para estrangeiros (fim dos vistos gold para investimento imobiliário e do antigo regime dos residentes não habituais, que foi substituído por outro mais restrito). Os cidadãos que vivem em países fora das fronteiras da União Europeia (UE) estão a afastar-se mais do mercado habitacional português (com uma queda anual nas vendas de 18,6% para 995 transações) do que os compradores que vivem num dos países da UE (-10,5% para 1.112 unidades).

A nível regional, o Norte apresentou o maior número e peso de vendas de casas (12.955 unidades, representando 30,2% do total). Logo a seguir está a Grande Lisboa (19,1%) e o Centro (15,9%). Já em termos de valor das transações é a metrópole lisboeta que está em primeiro lugar: as 8.189 vendas ultrapassaram os 3 mil milhões de euros (30,7% do total). Em segundo está a região Norte com as vendas de habitações a cifrarem-se nos 2,7 mil milhões de euros (26,1% do total).

 

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