André Magrinho, Professor Universitário, Doutorado em Gestão | andre.magrinho54@gmail.comAndré Magrinho, Professor Universitário, Doutorado em Gestão | andre.magrinho54@gmail.com
À luz da teoria económica e da evidência histórica, as tarifas constituem um exercício de soma negativa, podendo existir ganhos temporários para alguns setores e países, mas que a médio e longo prazo todos perdem, incluindo quem as protagoniza. O seu impacto é negativo no comércio internacional, no crescimento e na estrutura de custos das empresas. As tarifas para Trump são uma resposta a práticas comerciais "injustas" e como instrumento de pressão geopolítica. Recentemente, os Estados Unidos e a União Europeia anunciaram um acordo comercial que estabelece um novo quadro de tarifas, que visa restaurar a estabilidade no comércio transatlântico, e um primeiro passo para evitar uma guerra comercial e para estabelecer um caminho para futuras negociações. Os principais pontos incluem: Tarifas dos EUA sobre produtos da EU, em que os EUA concordaram em impor uma tarifa máxima de 15% sobre a maioria dos produtos europeus, incluindo bens estratégicos como automóveis, produtos farmacêuticos, semicondutores e madeira. Anteriormente, as tarifas para alguns destes bens eram muito mais altas. Por exemplo, a tarifa sobre automóveis europeus era de 27,5% e será reduzida para 15%; Tarifas da UE sobre produtos dos EUA, devendo a UE eliminar todas as tarifas sobre bens industriais dos EUA e conceder acesso preferencial ao mercado para produtos agrícolas e de marisco dos EUA, como produtos lácteos, frutas, vegetais, carne de porco e bisonte; Exceções e isenções, também estão previstas, sendo que a partir de 1 de setembro de 2025, os EUA aplicarão apenas as tarifas da "nação mais favorecida" (um imposto mais baixo) a certos produtos da UE, como aeronaves e respetivas peças, produtos farmacêuticos genéricos e ingredientes químicos.
Dos “Setores que Ganham em Portugal” salientam-se: a Indústria dos Moldes e Componentes Automóveis, porque a redução das tarifas dos EUA sobre automóveis europeus, de 27,5% para 15%, é uma boa notícia. Sendo Portugal um dos principais produtores de moldes e componentes para a indústria automóvel europeia, este acordo potencia a exportação; a Indústria Farmacêutica e de Biotecnologia, beneficia na medida em que a inclusão de produtos farmacêuticos e ingredientes químicos nas tarifas de "nação mais favorecida" (tarifas mais baixas) a partir de 1 de setembro de 2025, beneficia diretamente as empresas portuguesas deste setor que exportam para os EUA; o Setor Agrícola (em parte) é ganhador, porque o acordo prevê um acesso preferencial ao mercado dos EUA para alguns produtos agrícolas da UE, ainda que os detalhes específicos para Portugal estejam a ser definidos para produtos como frutas, azeite ou vinho de mesa que podem vir a ter melhores condições de exportação. Todavia, os vinhos de qualidade e outros produtos protegidos não estão incluídos nas condições preferenciais iniciais. Dos “Setores que Podem Perder ou Enfrentar Desafios”, salientam-se: Vinho e Bebidas Espirituosas, dado que o setor do vinho, não foi incluído nas negociações iniciais. As tarifas existentes sobre os vinhos e bebidas espirituosas continuam a aplicar-se. As negociações futuras para este setor serão cruciais, mas a incerteza persiste; o Aço e Alumínio, enfrenta um importante desafio, porque o acordo não abordou as tarifas sobre o aço e o alumínio, que foram um dos pontos de discórdia original. O setor siderúrgico português, embora menor que noutros países da UE, também é afetado pela continuação destas tarifas, que limitam a exportação de produtos de aço para os EUA.