Nero declama na Feira Medieval de Silves

10:30 - 09/08/2025 SILVES
Depois das apresentações em várias cidades algarvias (Silves, Albufeira, Tavira), da presença na Feira do Livro de Lisboa e da elogiada participação no Festival MED 2025, em Loulé, o poeta algarvio Nero declamará na Feira Medieval de Silves.
Recitará, com acompanhamento musical ao vivo, poemas do seu novo livro “Akbar — Lunário Poético duma Alma ainda Árabe”, do seu livro anterior “Telúria”, e a  ainda poemas inéditos, além de uma seleção de poemas medievais e renascentistas.
 
Integrado no projeto “Artes e Ofícios — Cumplicidades”, idealizado pelo construtor de cordofones José Cardoso, o poeta Nero atuará nas noites de 10, 13, 14 e 15 de agosto, pelas 21h00, na galeria superior do Museu Municipal de Arqueologia de Silves, onde tem lugar a exposição do projeto. Nas sessões de 10, 13 e 14 de agosto, acompanhá-lo-ão ao vivo os músicos Ustad Fazel Sapand (do Afeganistão, no alaúde árabe) e Rogério Mestre (de Portugal, na guitarra portuguesa). Uma colaboração inédita, que fundirá a sonoridade única das cordas árabes e portuguesas com a arte poética de Nero. Na última noite, o poeta apresentar-se-á a solo.
 
De lembrar que este seu novo livro “Akbar” é dedicado precisamente a Silves, antiga capital da poesia do Al-andalus, de onde o poeta é natural. Também professor de Português e de Literatura Portuguesa, Nero tem-se destacado no panorama literário nacional. Depois da epopeia fantástica “Oceano — O Reino das Águas” (2021) e do poemário de raízes autobiográficas “Telúria” (2023), “Akbar” é inspirado na herança árabe pela Península Ibérica: espécie de almanaque espiritual, viaja às origens e à expansão da fé islâmica, numa toada simbólica e mística, em quarto crescente; celebra, com fervor popular, a expansão árabe pela Ibéria, em plenilúnio; recupera o tom épico, recriando episódios históricos da queda, em quarto minguante; propõe, em quiasmo, o diálogo e o silêncio como instrumentos essenciais ao perdão, ao convívio e à tolerância, de que se farão as luas novas de qualquer idade, ao mesmo tempo que lapida influências do sufismo, nos quatro interstícios que antecedem ou sucedem cada lunação, meditando sobre as razões de deus e dos Homens.
 
“Akbar” prova que a memória da presença árabe perdura em Portugal. O escritor, editor e investigador Nuno Campos Inácio é, a respeito, perentório: “Nero encarna a essência mourisca do Gharb al-Andalus como poucos. [...] Talvez não saiba, mas nesta obra enverga ‘kandoora’ de mestre e inicia a caminhada de um ‘mahdi’. Esmeralda Lopes Alves, especialista em Literatura Portuguesa e crítica da obra, acrescenta: “’Akbar’ é uma obra singular, porque em pleno século XXI, quando o mundo parece desmoronar-se, há um poeta que nos devolve uma parte de nós, adormecida, e nos obriga a revermo-nos por dentro.”
 
A Feira Medieval de Silves, já na sua vigésima edição, tem lugar de 8 a 16 de agosto
 
 
Por: Nero