Estudo prevê duplicação do número de casas com AC até 2050. Em Portugal, os verões extremos aceleram essa tendência.
A crescente frequência de ondas de calor em Portugal e na Europa está a impulsionar de forma drástica a procura por sistemas de ar condicionado, com previsões de que mais de metade das casas no mundo (55%) terão estes equipamentos até 2050.
A conclusão é de um estudo com participação do Instituto Ifo, citado pelo Jornal de Negócios, que alerta para o impacto social, económico e energético desta tendência, impulsionada pelo aquecimento global.
Sem medidas políticas concretas, a procura mundial de energia para arrefecimento poderá triplicar até meados do século, agravando desigualdades e colocando em risco milhões de pessoas em regiões mais vulneráveis. Segundo Filippo Pavanello, do Instituto Ifo, será necessário agir em quatro frentes: mais produção de energia, maior eficiência dos equipamentos, cidades mais adaptadas ao calor e mudanças nos hábitos de consumo.
O impacto da climatização não será homogéneo. Enquanto nos países mais ricos o acesso ao ar condicionado será generalizado, em África, menos de 15% das habitações terão arrefecimento mecânico em 2050.
Em Portugal, onde atualmente apenas 20% das casas possuem aparelhos de refrigeração, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), citada pelo PPLWare, a procura tem vindo a crescer em resposta aos verões cada vez mais longos e intensos.
Além do segmento doméstico, a pressão sobre os sistemas energéticos estende-se a setores como os centros de dados, unidades de saúde e imóveis comerciais.
De acordo com o PPLWare, empresas especializadas em tecnologias de edifícios, como a Johnson Controls, registam um aumento na procura por soluções de aquecimento, ventilação e ar condicionado (HVAC), impulsionado também pela expansão da Inteligência Artificial, que exige sistemas de refrigeração mais inteligentes e eficientes.
As implicações sociais também são profundas. Segundo o Jornal de Negócios, para famílias de baixos rendimentos, os custos com ar condicionado poderão representar até 8% do orçamento familiar, em contraste com os 0,2% a 2,5% nos agregados mais abastados.
“A pobreza energética pode transformar-se numa questão de vida ou morte em contextos urbanos”, alerta Pavanello, sublinhando que garantir um acesso justo e sustentável ao arrefecimento será um dos grandes desafios globais nas próximas décadas.
Idealista News