«Se vim ao mundo, foi só para desflorar florestas virgens e desenhar os meus próprios pés na areia»
inexplorada! O mais que faço não vale nada”
José Régio, Cântico Negro, Poemas de Deus e do Diabo, 1925
Está patente no Espaço Mais, em Aljezur, até ao dia 29 de agosto a exposição Fio de Sol, que percorre o universo imaginário de um dos maiores artistas têxteis portugueses contemporâneos que utiliza o processo têxtil e diversas fibras na produção das suas peças.
Centrando-se no Sol, na sua energia como fonte indispensável à vida na Terra, bússola primordial da atividade; e na ligação ancestral da Humanidade à observação do movimento Solar ao depender do seu conhecimento para sobreviver. Desde a sua alvorada, a importância de criar calendários através de linhas de luz, no necessário alinhamento e compreensão do ritmo cósmico.
No desenvolvimento da tecelagem, na transformação das fibras fiadas e do tempo em toda uma variedade de objetos de uso quotidiano, ritual ou decorativo.

Nas horas passadas a tecer desenvolveu-se o pensamento e transmitiram-se através de sucessivas gerações as histórias e os mitos que haveriam de constituir o imaginário e o saber comum partilhado a que chamamos herança cultural.
O Sol gera a sucessão das estações e a biodiversidade, tão presente e bem preservada na Costa Vicentina e no concelho de Aljezur, que são o mote para a construção desta mostra/viagem pela obra de um Artista surpreendente, na transição do século 20 para o século 21.
Guardando na memória dos seus dedos a exímia capacidade de tecer mundos repletos de sentimentos e interrogações, Alves Dias questiona-nos sobre essa extraordinária capacidade humana, aquela que melhor nos define e é o fio condutor da nossa história como espécie, um fio de sol - a Arte! (José Alexandre de São Marcos, 2025)
Por CM Aljezur