FESTIVAL MED25 TEM «ANTE-ESTREIA» ESTE FIM DE SEMANA COM PROGRAMAÇÃO CULTURAL DEDICADA A CABO VERDE

14:45 - 18/06/2025 LOULÉ
Artes plásticas, Literatura e Cinema

Esta sexta-feira, sábado e domingo, têm lugar as primeiras iniciativas integradas na 21ª edição do Festival MED. Apesar do evento arrancar oficialmente no dia 26 (com concerto de abertura com Ceuzany na véspera, dia 25), neste fim de semana há já um “cheirinho” daquilo que irá acontecer na Zona Histórica de Loulé, com propostas não de Música, mas direcionadas para as Artes Plásticas, Literatura/Conferência e Cinema. Todas elas com as cores de Cabo Verde, este ano o “País Convidado” do MED.

“Cartografias Transatlânticas” é a exposição que pode ser visitada nos dias do Festival, na Galeria de Arte do Convento do Espírito Santo, e que tem inauguração marcada para a próxima sexta-feira, 20 de junho, pelas 17h30.

Esta mostra reúne o trabalho de quatro artistas cuja ligação a Cabo Verde é simultaneamente íntima e deslocada. Apesar de viverem fora do Arquipélago, com ele constroem um diálogo contínuo — silencioso por vezes, mas sempre presente. As suas obras revelam como o país se prolonga para além das suas fronteiras físicas, expandindo-se nas vozes e práticas daqueles que, de fora, continuam a habitá-lo afetivamente. Fidel Évora propõe, com a série “Fake Self-Portraits”, um jogo entre identidade e ficção, presença e construção. Jacira da Conceição invoca, através de cerâmica, ferro, tecido e vídeo, a força da linhagem feminina africana. Amadeu Carvalho apresenta “50 Faces Incógnitas – Retratos de Ausência”, uma série de retratos sem nome que assinalam os cinquenta anos da independência de Cabo Verde. Carlos Noronha Feio encerra este percurso com uma instalação sonora e visual onde Cabo Verde e o Atlântico se escutam mutuamente.

A curadoria vai estar a cargo de Ricardo Barbosa Vicente e de João Serrão. A exposição prolonga-se até 19 de julho.

No sábado, 21, vai falar-se de Literatura Cabo-Verdiana, na Casa da Cultura de Loulé – Edifício Atlético. A partir das 17h30, os escritores José Luiz Tavares e Dina Salústio são os oradores da conferência inserida no programa do Festival. Dois nomes de destaque na cultura de Cabo Verde e que trarão uma visão sobre o universo das Letras deste país.

 Nascido na Ilha de Santiago, José Luiz Tavares tem colaboração em jornais e revistas de Cabo Verde, Portugal e Brasil. De entre os vários prémios que recebeu destaca-se o Prémio Mário António de Poesia 2004, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian à melhor obra de autor africano de língua portuguesa e de Timor-Leste publicada no triénio 2001-2003, com o seu primeiro livro publicado, “Paraíso Apagado por um Trovão”. Já a poetisa e escritora Dina Salústio é natural da Ilha de Santo Antão. Sócia-fundadora da Associação dos Escritores Cabo-verdianos, da Sociedade Cabo-verdiana de Autores, membro-fundador da Academia Cabo-verdiana de Letras e do PEN Clube de Cabo Verde, foi galardoada, entre outros, com o Prémio RDP África Literatura para a Lusofonia (2021).

A sétima arte encerra este fim de semana cultural com a exibição do filme “Sodade”, realizado pela cabo-verdiana Sarah Grace, apresentado no domingo, 22, pelas 18h00, no Solar da Música Nova. O filme, distinguido internacionalmente, explora temas profundos como amor, traição e ódio, através da história de personagens que vivem os desafios e dilemas da diáspora. Filmado nas belas e impactantes paisagens vulcânicas da Ilha do Fogo, “Sodade” destaca-se pela sua cinematografia impressionante e por captar a essência da cultura e do espírito cabo-verdianos. É o primeiro filme cabo-verdiano a ser distribuído comercialmente em salas de cinema em Portugal e noutros territórios internacionais.

Todas as iniciativas deste fim de semana dedicado a Cabo Verde são de entrada livre.

“Este programa espelha a riqueza cultural de um país-irmão, com quem o concelho de Loulé tem fortes laços de amizade. Este fim de semana vai ser uma oportunidade imperdível para o público ficar a conhecer melhor este país”, nota o presidente da Autarquia de Loulé, Vítor Aleixo.

Já o diretor do Festival MED, Carlos Carmo, afirma: “Vamos arrancar da melhor forma esta 21ª edição do Festival MED. E porque este é um evento multidisciplinar, apesar de ter a sua tónica na world music, é importante também valorizarmos as outras manifestações artísticas. É precisamente isso que iremos fazer nestes três dias, termos aqui uma montra desta abrangência cultural, que se irá prolongar pelos dias do Festival. Convidamos todos a juntarem-se a nós para celebrar Cabo Verde!”.