A cooperativa Lavrar o Mar vai inaugurar um espaço na vila de Odemira, no distrito de Beja, onde pretende criar «pontes» entre todas as culturas «que habitam» este território, através das artes e da experimentação.
A Casa Novo Bowing – Centro para as Relações Planetárias, instalada na antiga residência de estudantes da vila alentejana, vai ser inaugurada este sábado, pelas 17:00, e marca o início do projeto artístico e social com o mesmo nome promovido pela cooperativa sediada em Aljezur, no distrito de Faro.
O objetivo é “trabalhar sobre as pessoas individualmente, sobre o seu futuro e sobre a possibilidade da criação de pontes entre todas estas culturas que habitam o território de Odemira”, explicou hoje à agência Lusa a coreógrafa e diretora artística do “Novo Bowing”, Madalena Victorino.
O projeto sucede à iniciativa “Bowing”, dinamizada em Odemira entre 2020 e 2023, e ambiciona promover “o diálogo entre migrantes asiáticos e a população local de Odemira através da arte”.
A iniciativa, financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Câmara de Odemira, vai ser desenvolvida entre 2025 e 2027, incluindo atividades em escolas, oficinas de capacitação e laboratórios de experimentação artística colaborativa.
A Casa Novo Bowing – Centro para as Relações Planetárias será um eixo fundamental do projeto, servindo de base para duas das dimensões da iniciativa.
Segundo Madalena Victorino, neste espaço serão trabalhadas “questões relacionadas com a dimensão ‘Labor’, com o intuito de poder ‘desviar’ alguns trabalhadores que estão na agricultura intensiva, que não se sentem tão felizes aí e têm capacidades e ‘skills’ [competências, em português] que querem desenvolver”.
“Queremos que o projeto possa ajudá-los a concretizar isso e poderem assim serem cidadãos realizados e a viver bem no nosso território, a contribuir para o seu desenvolvimento”, explicou a diretora artística do projeto.
Na Casa Novo Bowing será igualmente dinamizada a “dimensão ‘Pessoa’ do projeto”, em que o equipamento ser vai tornar num “espaço laboratorial artístico, onde pessoas de múltiplas culturas e nacionalidades, gerações e ‘backgrounds’ de todo o tipo vêm fazer experiências artísticas”.
O objetivo é que seja “um encontro que possa apontar para uma nova forma de estarem umas com as outras nesta dimensão que o mundo agora tem, da passagem, do movimento, das migrações permanentes entre países à procura de uma vida que faça sentido, melhor e digna”, disse Madalena Victorino.
O projeto "Novo Bowing" vai igualmente ser desenvolvido nas escolas dos agrupamentos de Odemira, São Teotónio e Vila Nova de Milfontes, com a participação das “múltiplas populações que habitam as salas de aula”.
“Queremos, através de uma relação entre artistas e matéria curricular, abrir uma programação muito presente e forte no campo artístico em meio escolar, especificamente dentro da sala de aula, em articulação com os professores”, adiantou.
Ao contrário do seu antecessor, este novo projeto pretende ir ao encontro das “necessidades e problemáticas das pessoas”, não tendo como finalidade a conceção e apresentação pública de uma performance artística.
“Vamos é criar atmosferas artísticas e de experimentação dentro da casa, que têm como grande objetivo o encontro e novas formas de as pessoas se relacionarem entre si”, notou Madalena Victorino.
Lusa