A organização ambientalista Quercus considera que subsistem muitas ameaças ao lince ibérico e defende que o Governo deve resolver definitivamente a questão do envenenamento de animais e acabar “com a impunidade no setor”.
Samuel Infante, representante da Quercus no Programa Antídoto (plataforma contra o uso ilegal de venenos), reagia assim, em declarações à agência Lusa, ao anúncio de que foi envenenada a fêmea de lince ibérico encontrada morta no mês passado.
O anúncio foi feito hoje pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), depois de conhecidos os resultados da análise à fêmea Kayakweru, que nascera no Centro Nacional de Reprodução de Lince Ibérico, em Silves, e que, a 25 de fevereiro, foi libertada na natureza na zona do Parque Natural do Guadiana, em Mértola, onde foi encontrada morta a 12 de março.
“Pela informação que temos era uma zona de caça. Se o envenenamento seria dirigido ou não… pode haver uma intencionalidade” de matar os predadores de espécies como os coelhos, disse o responsável.
O envenenamento de predadores é uma prática ilegal mas “todas as semanas morrem animais por todo o país devido a veneno” e o Alentejo não é exceção, disse Samuel Infante, acrescentando que “o envenenamento não é só um problema de biodiversidade mas também de saúde pública”.
Para o plano de ação para o lince ibérico (cuja consulta pública termina na sexta-feira), a Quercus pediu nomeadamente que não sejam autorizados projetos para a área desses linces, como moinhos eólicos ou novas estradas, disse o responsável, considerando também importante que, à semelhança de Espanha, Portugal comece a ter cães treinados para deteção de venenos.
E também, acrescentou, que o ICN tenha vontade política para combater o veneno e tomar medidas, como suspender zonas de caça em vez de dar mais áreas e mesmo em locais onde a lei não foi respeitada, acusou.
Na altura da introdução dos linces na região, a Quercus tinha alertado para a necessidade de haver uma estratégia em relação aos fatores de ameaça. Se a questão da alimentação não era problema, subsistiam outros, como os atropelamentos ou o envenenamento, disse Samuel Infante.
Por Lusa