HISTÓRIA LOCAL O MAJOR DE ORDENANÇAS JOSÉ DIAS NUNES (O MAJOR DAS CASAS)

09:10 - 19/03/2023 OPINIÃO
Por Júlio Sousa - Investigador de genealogia e de história local. | juliotsousa@gmail.com

Entre os personagens mais influentes na história local de Salir, nos Séc. XVII e XIX, destaca-se, sem dúvida, o Major (Sargento-Mor) de Ordenanças, José Dias Nunes.

  1. Ascendentes

José Dias Nunes nasceu, no Sítio das Casas Martim Anes, no dia 12 de março de 1762, tendo sido batizado no dia nove do mesmo mês e ano, tendo por padrinhos Brás Gonçalves, do sítio da Fonte d’Ouro e Maria Guerreira, mulher de Manuel Afonso, do sítio da Igreja.

Os seus ascendentes são os seguintes:

Pais: José Dias e Isabel Nunes, das Casas Martim Anes, Salir

Avos paternos: João Dias e Domingas Lourenço, do Alganduro, Salir.

Avós maternos: João Nunes e Bárbara Rodrigues, do Pé da Serra, Salir.

 

  1. Casamento com Ana Joaquina Teixeira

José Dias Nunes casou com Ana Joaquina Teixeira do sítio do Tremelgo, freguesia de Martim Longo. O casamento ocorreu na data de 19-11-1789 em Martim Longo. O casal foi então viver para a casa do noivo, nas Casas Martim Anes.

 

2.1- Ascendentes da noiva, Ana Joaquina Teixeira

Ana Joaquina nasceu a 19-04-1769, no sítio do Tremelgo, Martim Longo

Os seus ascendentes são os seguintes:

Pais: Capitão Sebastião José Teixeira e D. Maria Nunes, do Tremelgo, freguesia de Martim Longo.

Avos paternos: Capitão Sebastião Teixeira e Luzia Mestra, do Tremelgo.

Avós maternos: Simão Gonçalves e Maria Nunes, da Alcaria de Pedro Guerreiro, freguesia de Cachopo.


2.2- Descendentes do casal

Tiveram os seguintes filhos:

  • Maria Nunes Teixeira, nasceu (n.) 15-09-1790), com geração;
  • Ana Joaquina Teixeira, n. 1793 e faleceu (f.) 18-03-1862, com geração;
  • José, n. 27-04-1795 e f. 06-09-1798, com 3 anos de idade;
  • Simão José Dias Teixeira, n. 27-05-1797, com geração;
  • Antónia Joaquina Teixeira, n. 1799 e f. 17-01-1864, com geração;
  • Francisca, n. 30-09-1801 e f. 23-03-1826, com 24 anos, sem geração;
  • José Dias Nunes Teixeira, n.14-12-1804 e f. 12-08-1875, com geração;
  • António, n. 12-04-1807, desconhece-se a sua data de falecimento e se teve geração;
  • Isabel, n. 08-04-1810 e f. 26-05-1836, com 26 anos de idade, sem geração;
  • Sebastião, n. 15-09-1813, desconhece-se a sua data de falecimento e se teve geração.

 

  1. Cargos militares

José Dias Nunes foi nomeado Capitão de Ordenanças de Salir em 02-06-1787, lugar que vagou por morte do Capitão Francisco Xavier de Mendonça e Brito. Este, por sua vez, tinha sido nomeado em 07-09-1762, por morte do Capitão Manuel Martins Mogo.

Na data de 23-11-1813 é nomeado Sargento-Mor (Major) de Ordenanças de Loulé, lugar que vagou pela passagem do titular, o Sargento-Mor José Gregório de Mascarenhas, da Ordenança de Loulé para a de Silves.

 

  1. Cargos municipais

José Dias Nunes foi vereador da Câmara Municipal de Loulé de 1794 a 1829, mais propriamente nos anos 1794, 1806, 1811, 1817, 1821 e 1829.

Ainda com a patente de Capitão, José Dias Nunes foi Procurador do Concelho de Loulé no mandato de 20-05-1807 a 20-04-1808.

 

  1. Envolvimento na Guerra Civil

O Major José Dias Nunes tomou partido pelo ramo Miguelista, bem como toda a Ordenança de Salir. O momento em que tal aconteceu parece estar relacionado com a profanação da Igreja de Salir cometida pelas tropas francesas em 1833.

Esta ação das tropas francesas na Igreja de Salir foi aproveitada pelo Major Camacho (partidário do Rei D. Miguel) que, entretanto, se encontrava em Almodôvar reunido com o Remexido, para incentivar os Salirenses e Altenses para se lhes reunir e aclamar D. Miguel na Vila de Loulé.

É, portanto, neste contexto que o Major Camacho consegue aliciar o Major de Ordenanças José Dias Nunes a entrar em Loulé com o pretexto da perseguição das tropas francesas.

E é assim que o Major José Dias Nunes se torna um dos grandes responsáveis pelo massacre de Loulé ocorrido no dia 23-07-1833, conforme nos é relatado pelo jornal “O Algarvio”, de 28-07-1889, evocando o episódio ocorrido em 1833.

O autor do livro “Memória dos desastrosos acontecimentos de Albufeira”, Francisco António da Silva Cabrita, trata-o por “O Major das Casas”, aludindo ao facto de residir, justamente, no sítio das Casas Martim Anes, localidade conhecida genericamente pelos Salirenses apenas por “Casas”.

O Major José Dias Nunes foi, ele próprio, vítima de emboscada no barrocal de Santa Catarina (a nascente do atual sítio da Goncinha) com mais 3 homens que o acompanhavam, tendo sido encontrados na data de 01-10-1834 e sepultados no dia seguinte na Igreja Matriz de S. Clemente de Loulé.