Fotos: @Rui Ochoa / Presidência da República
Entrevista | Mendes Bota Condecorado pelo Presidente da República

09:26 - 30/01/2023 ENTREVISTAS
Mendes Bota Condecorado pelo Presidente da República com o grau de Comendador da Ordem do Mérito.

No passado dia 26 de janeiro, o Louletano José Mendes Bota foi condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa com o grau de Comendador da Ordem do Mérito; numa cerimónia que decorreu no antigo Picadeiro Real do Palácio de Belém. 

Ao nosso jornal em exclusivo, José Mendes Bota demonstrou o seu entusiasmo e numa conversa amena revelou o significado desta condecoração.

 

A Voz do Algarve (V.A.) - Como e quando soube que iria ser condecorado com o Grau de Comendador da Ordem do Mérito? Alguma vez sequer imaginou esta possibilidade?

José Mendes Bota (JMB) - A possibilidade existe sempre, para quem tem um percurso político de várias décadas. Em tempos cheguei a interrogar-me sobre o paradoxo de ter sido distinguido por um importante Estado europeu, e não no meu próprio país, o defeito era meu seguramente. Agora, confesso ter sido completamente apanhado de surpresa. Pensei que já tinha passado o momento de, em vida, receber este tipo de reconhecimento por algo que tenha feito de interesse público

V.A. - Ao longo da sua carreira, foram muitos os prémios e distinções que recebeu, considera esta condecoração especial por ser atribuída pelo Presidente da República? 

JMB - O Presidente da República é o mais alto magistrado da Nação. Uma condecoração conferida por ele, é obviamente importante.

V.A. - O que significa esta condecoração na sua vasta carreira?

JMB - Um reconhecimento por tudo o que dei de mim em prol da comunidade. Sinal de que terá valido a pena. Sobrou algo que agora foi recordado, e que os meus netos um dia compreenderão com orgulho.

V.A. - Apesar de em setembro passado numa entrevista ao nosso jornal ter sido taxativo relativamente a este tema, encara esta condecoração como um estímulo adicional para ponderar um possível regresso à atividade política ativa?

JMB - Nada mudou na minha forma de pensar e atuar nesta fase da vida. Tirando problemas de saúde que não estavam no programa, sinto-me muito feliz e preenchido com tudo o que faço (e é muito) a nível familiar, pessoal e cívico. Mas, por princípio, não se deve dizer “desta água não beberei”.

V.A. - Pessoalmente o que sente por esta condecoração?

JMB - Sinto-me grato, mas continuarei a ser a mesma pessoa, o mais simples possível. Esta distinção tem uma expressão física, material, que me faz recordar dois outros momentos que significaram para mim autênticas condecorações sem medalha. No dia 26 de novembro de 2014, nas últimas palavras que proferi na Assembleia da República ao fim de 24 anos como parlamentar, fui aplaudido e ouvi intervenções de reconhecimento de todos os grupos políticos, da esquerda à direita, uma unanimidade rara, expressão de respeito. No dia 24 de junho de 2019, o então Secretário Geral do Conselho da Europa, Torbjorn Jagland, falando perante a Assembleia Parlamentar no final do seu mandato de dez anos à frente daquela prestigiada organização internacional, citou o meu nome associado à Convenção de Istambul [combate à violência contra as mulheres], como exemplo do que de melhor se tinha feito ali naquela década.

V.A. - Que palavras quer deixar registadas para todos os nossos leitores?

JMB - O mais importante numa pessoa, não é o número de medalhas penduradas no lado de fora do peito. É ter dentro de si aquilo que se chama “um bom coração”, no sentido de compaixão e sentimento, e ter um cérebro afinado pelo diapasão dos princípios e da probidade.

 

Por: Nathalie Dias