Fotos Filipe Vilhena | D.R.
Inaugurada a exposição «Santa Bárbara, Padroeira de Mineiros e de outras Artes» na Mina de Sal-Gema

17:25 - 01/10/2022 LOULÉ
Decorreu no passado dia 30 de setembro, na Mina de Sal-gema, a inauguração da exposição permanente de arte sacra dedicada a Santa Bárbara, padroeira dos Mineiros.

Com o nome «Santa Bárbara, Padroeira de Mineiros e de outras Artes», esta exposição é promovida pela empresa TechSalt e integra a coleção do Engenheiro de Minas Fernando de Mello Mendes, docente do Instituto Superior Técnico de Lisboa. No total, são 160 peças, datadas desde o século XVI até à atualidade.

Esta coleção apresenta um variado conjunto e origem e estilos diversificados, quer no que se refere à geografia de onde são provenientes, como dos cultos religiosos dos seus autores. O Engenheiro de Minas Fernando de Mello Mendes reuniu uma numerosa e invulgar coleção de arte sacra e outros artefactos relacionados com a veneração à padroeira dos mineiros durante quase 50 anos.

Durante a inauguração, o Presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo, sublinhou que este é um «acontecimento importante para a cidade de Loulé», devido ao valioso acervo cultural que irá acrescentar à Mina de Sal-Gema. O autarca acredita que «muitos dos louletanos não têm conhecimento da importância desta mina», mas que a exposição «Santa Bárbara, Padroeira de Mineiros e de outras Artes» irá atrair muitos turistas e valorizar este património.

Vítor Aleixo recordou que a Mina de Sal-Gema é «um dos monumentos geológicos» que confere «importância e densidade» ao projeto desenvolvido pela Câmara Municipal de Loulé, em conjunto com as autarquias de Albufeira e Silves, o Geoparque Algarvensis, aspirante a Geoparque Mundial da UNESCO.

O autarca de Loulé frisou ainda que a Câmara Municipal está atenta ao «interregno crítico» que a exploração da extração do mineiro atravessa, com a «perda de relevância», enquanto não chega «outro momento de intensa atividade turística, que pressupõe investimento pesado na mina».

Por fim, Vítor Aleixo espera atrair um turismo «ligado à cultura e ciência», com esta e outras iniciativas de valorização do património da cidade de Loulé.

O Presidente do Conselho de Administração da TechSalt, Carlos Caxaria, começou por explicar na sua intervenção, a importância desta coleção do Engenheiro de Minas Fernando de Mello Mendes, feita ao longo de quase 50 anos. «Esta exposição, que se espera que tenha carácter permanente, é um ponto de viragem das prioridades de utilização deste espaço mineiro subterrâneo único», realçou.

Para o responsável, o ano de 2022 «pretende ser o início de um novo paradigma, onde para além da exploração do Sal-Gema e da criação de espaços de arqueologia industrial, pretendemos evoluir de forma crescente em atividades culturais e artísticas, quer seja em exposições [como a de Santa Bárbara], quer seja noutros eventos que se possam ajustar ao espaço e ao tempo desta atividade».

«Esta exposição é de grande importância, não só para todos os mineiros, mas também para muitas outras profissões, nomeadamente da arma de artilharia», concluiu.

A cerimónia decorreu no interior da mina de Sal-Gema, a 230 metros de profundidade. Cerca de 200 pessoas acompanharam a inauguração da exposição permanente de arte sacra dedicada a Santa Bárbara.

Luís Vieira-Baptista oferece duas peças à Mina de Sal-Gema

O pintor Luís Vieira-Baptista ofereceu à Mina de Sal-Gema duas peças da sua autoria, relacionadas com o universo. «O meu trabalho está relacionado com o universo e com a transmutação espiritual. É importante termos uma noção de que há uma transcendência para lá da nossa própria existência física aqui na Terra. Eu fui buscar partes da ciência, para juntar à parte da espiritualidade», disse ao nosso jornal.

A peça maior, designada «Transmutação Espiritual» representa a vida e a morte. O centro da peça foi inspirado no chão da capela do Corpo Santo, no Convento de Mafra. Os quatro meios círculos que rodeiam o círculo central representam os princípios alquímicos relacionados com o Fogo, Ar, Água e Terra e é dele que saem também os raios da desmaterialização física que «nos levam de volta ao sítio de onde viemos», acrescentou.

Há ainda referência ao genoma humano na peça, assim como um polígono de doze lados, que homenageia este número tão utilizado na nossa vida.

O fundo dos círculos é composto por imagens do telescópio Hubble, ao serviço da NASA. A iluminação da peça é feita com recurso a luzes LED.

A peça engloba ainda a quadratura do círculo, que se refere ao alinhamento da Terra e da Lua, assim como ao esquema que os egípcios usaram para o desenho da Grande Pirâmide. O autor explicou ainda ao nosso jornal que há na peça uma homenagem ao asteroide que a NASA batizou com o nome da cantora norte americana Aretha Franklin.

O cisne presente quer demonstrar que todas as criaturas do planeta têm a mesma origem que nós e, portanto, devemos respeitá-las.

A outra peça tem o nome de «Via Láctea» e, através de uma imagem do telescópio Hubble da NASA, mostra-nos uma galáxia vizinha da nossa. A forma da vaca está ligada à palavra «láctea», de leite, que dá nome à nossa galáxia.

A cor remete-nos para o prado e a obra tem um ponto de luz que encaixa perfeitamente no «olho» da vaca. Não foi feita nenhuma correção de luz, portanto, existe aqui uma sincronia do «acaso», descreve o autor.

 

Por: Filipe Vilhena