O Radar Meteorológico do Norte, investimento de 2,85 milhões de euros a inaugurar perto de Arouca no dia 18, vai assegurar a cobertura de todo o território continental com melhores previsões em caso de fenómenos severos, informou o IPMA.
A estrutura, que resulta de um projeto do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), começou a ser construída em Arouca no início de 2014 e ficou concluída 13 meses depois. Tem uma torre com 47 metros de altura no pico da Gralheira, a 1.100 metros de altitude.
Sérgio Barbosa, que vem gerindo o projeto, realça que o novo equipamento vai ter "um desempenho superior ao dos restantes dois radares da rede nacional" e passará a permitir "a cobertura de todo o continente", quando até aqui as previsões relativas ao Norte envolviam obrigatoriamente o recurso a radares espanhóis.
"Este sistema de radar é dotado de tecnologia de polarização dupla, possibilitando um desempenho superior ao dos restantes radares da rede nacional", explica o responsável.
"Ao permitir a deteção e acompanhamento de fenómenos meteorológicos adversos, fornecerá um valioso contributo nos domínios da previsão e vigilância, sobretudo ao nível do 'nowcasting' [que corresponde ao diagnóstico e antecipação mais imediatos, até cerca de duas horas antes de quaisquer fenómenos perigosos]", acrescenta.
Para Sérgio Barbosa, essas competências terão um impacto positivo nos serviços prestados pelo IPMA, materializando-se "num aumento da qualidade e da antecedência dos avisos de tempo severo" e, consequentemente, "numa maior segurança das populações perante catástrofes naturais".
Essa vantagem será particularmente significativa considerando que a cobertura meteorológica da região Norte pelas torres de Santander, Corunha e Valladolid vem demonstrando algumas carências. "Nenhum dos radares da rede espanhola permite garantir uma cobertura adequada das regiões com maior densidade populacional, como a Área Metropolitana do Porto ou a Bacia Hidrográfica do Douro", explica o responsável do IPMA.
O conjunto dos radares de Arouca, Coruche e Loulé garantirá agora a cobertura integral do continente, mas as observações recolhidas pelos seus congéneres de Espanha continuarão a ser utilizadas pelos serviços meteorológicos portugueses, "quer para fins de redundância, quer para efeitos de cobertura em zonas de orografia mais complexa".
A construção do Radar Meteorológico do Norte começou a ser projetada em 2008 e nos primeiros três anos enfrentou diversas dificuldades de financiamento, mas acabou por ser comparticipada em 2,3 milhões de euros pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
Do orçamento global da obra, 1,4 milhões de euros foram aplicados no apetrechamento técnico do edifício.
Nessa componente específica destaca-se, por um lado, a tecnologia de polarização dupla, que melhora as estimativas de precipitação e deteta com maior sensibilidade o tipo de hidrometeoros presentes na atmosfera, distinguindo, por exemplo, entre chuva, neve ou granizo.
Destaca-se, por outro lado, o investimento em tecnologia possibilitou também a introdução no edifício de controlos de operacionalidade à distância, do que resulta que "o radar será explorado remotamente a partir da sede do IPMA [em Lisboa], não sendo necessária presença humana na torre a não ser em situações de manutenção do sistema".
Sérgio Barbosa acredita que, por todas essas características, o novo Radar Meteorológico do Norte "potenciará a criação de sinergias com outras instituições no domínio da Investigação e Desenvolvimento".
O Radar, segundo fonte do IPMA, será inaugurado pelo Presidente da República e o início da exploração operacional do equipamento está previsto ainda para o primeiro trimestre de 2015.
Por: Lusa