Pandora Papers: As offshores secretas de mais de 300 políticos mundiais

14:23 - 04/10/2021 POLÍTICA
Há três portugueses envolvidos naquela que já é considerada a «maior fuga de informação sobre paraísos fiscais da História».

Mais um imbróglio global de offshores secretas foi revelado no passado domingo, dia 3 de outubro de 2021. Trata-se dos Pandora Papers, a mais recente investigação jornalística que expõe negócios e património escondido por mais de 330 políticos de 90 países e territórios, entre os quais estão 35 líderes nacionais. E há três políticos portugueses envolvidos.

Depois de revelar levar a cabo o Luanda Leaks e os Panama Papers, o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla em inglês) revelou este domingo os resultados de numa nova investigação realizada a 11,9 milhões de ficheiros provenientes de 14 escritórios de advocacia especializados em registar companhias offshore em paraísos fiscais pelos quatro cantos do mundo, segundo escreve o jornal Expresso que participou na investigação.

Rei Abdullah II envolvido nos Pandora Papers

Rei Abdullah II da Jordânia / Flickr/Creative commons

Aquela que já é mesmo considerada pelo ICIJ a “maior fuga de informação sobre paraísos fiscais da História” envolveu mais de 600 jornalistas de 117 países e territórios e revelou como os líderes internacionais mantêm património e capital longe da vista das autoridades fiscais e policiais, enquanto deveriam de, eles próprios, combater a evasão fiscal. E as consequências para esta prática são muitas: embora as offshores sejam legais, as condições de segredo abrem caminho para o fluxo ilícitos de capital que pode servir para pagar subornos, financiar terrorismo e tráfico de seres humanos, segundo revelam os especialistas.

Entre as personalidades internacionais envolvidas estão:

  • Rei Abdullah II da Jordânia, dono de três propriedades em Malibu, na Califórnia, avaliadas em 59 milhões de euros;
  • Andrej Babis, primeiro-ministro da República Checa, que comprou um castelo de 19 milhões através de uma offshore;
  • Tony Blair, ex-primeiro-ministro britânico, e a sua esposa que adquiriu um imóvel avaliado em 7,6 milhões a uma offshore;
  • Vladimir Putin, o presidente da Rússia, por usar offshores nas Ilhas Virgens Britânicas para ocultar ativos valiosos como é o caso de um apartamento no Mónaco avaliado em 4 milhões de dólares;
  • Imran Khan, primeiro-ministro do Paquistão, por ter escondido milhões de dólares em empresas e entidades externas;
  • Uhuru Kenyatta, presidente do Quénia, é denunciado por possuir secretamente pelo menos 11 empresas no estrangeiro, uma das quais avaliada em 30 milhões de dólares.

Há ainda vários artistas mundialmente conhecidos envolvidos, como a cantora Shakira, a antiga modelo Claudia Schiffer e o cantor espanhol Julio Iglesias.

Vladimir Putin envolvido nos Pandora Papers

Vladimir Putin, o presidente da Rússia / Wikimedia commons

Quem são os 3 portugueses envolvidos?

Entre os mais de 300 políticos envolvidos nesta investigação, há três portugueses que estão nesta encruzilhada por razões bem diferentes, segundo escreve o mesmo jornal.

Nuno Morais Sarmento

 

Nuno Morais Sarmento nos Pandora Papers

Nuno Morais Sarmento, advogado e atual vice-presidente do PSD / Wikimedia commons

Um deles é Nuno Morais Sarmento, advogado e atual vice-presidente do PSD - e também antigo ministro nos governos de Durão Barroso e Santana Lopes - que usou uma offshore registada nas Ilhas Virgens Britânicas para comprar uma escola de mergulho e um hotel em Moçambique.

 

Vitalino Canas

 

Vitalino Canas nos Pandora Papers

Vitalino Canas, advogado que foi deputado socialista entre 2002 e 2019 / Wikimedia commons

Outro nome português é Vitalino Canas, um advogado que foi deputado socialista entre 2002 e 2019. Além disso foi ainda secretário de Estado nos governos de António Guterres e porta-voz do PS durante o governo de Sócrates. De acordo com o mesmo jornal, o seu nome está envolvido por lhe ter sido passada uma procuração para atuar em nome de uma companhia registada nas Ilhas Virgens Britânicas.

 

Manuel Pinho

 

Manuel Pinho envolvido nos Pandora Papers

Manuel Pinho, ex-ministro da Economia entre 2005 e 2009 / Wikimedia commons

A terceira personalidade portuguesa é Manuel Pinho, ex-ministro da Economia entre 2005 e 2009, ex-administrador do BES e atualmente professor na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Segundo a investigação, o atual professor beneficiou de três companhias offshore que já são do conhecimento público, por estarem envolvidas num inquérito-crime ainda em curso sobre a EDP.

 

Por: Idealista