Bruno Gomes, professor do Agrupamento de Escolas João de Deus, Faro.
Global Teacher Prize Portugal revela grandes vencedores da edição 2021

14:05 - 24/06/2021 ALGARVE
A cerimónia aconteceu na cidade de Faro e a grande vencedora do Global Teacher Prize 2021 é Elsa Cerqueira.

Este prémio português é a versão nacional do chamado “Nobel da Educação”, o prémio global  Global Teacher Prize (GTP),  uma iniciativa presente em mais de 120 países, com o intuito de celebrar e reconhecer o papel dos professores em todo o Mundo.

Estas distinções - tanto a versão nacional como a global - centram-se na divulgação das melhores metodologias de ensino e projectos inovadores desenvolvidos pelos professores, potenciando assim a capacidade e o aproveitamento escolar dos alunos.

O prémio internacional, promovido pela Fundação Varkey, marca, assim, presença direta em Portugal pelo 4º ano consecutivo, pelas mãos de Afonso Mendonça Reis, elemento do Júri Internacional e fundador e presidente do júri da edição portuguesa.

Esta edição de 2021 conta, desde já, com uma novidade no Júri, cuja presidência é agora assumida pela Professora Elvira Fortunato, que sucede, assim, a Álvaro Laborinho Lúcio (cujo mandato agora terminou na edição anterior. Na presidência executiva mantém-se Afonso Mendonça Reis, em representação da organização do Global Teacher Prize Portugal (GTPP), que conta, para esta missão, com uma equipa de luxo, composta por: Pedro Carneiro, em representação da comunidade educativa e Sofia Barciela, jornalista na área da Educação. O júri contará ainda com um representante dos alunos, a anunciar em breve.

O Global Teacher Prize Portugal tem um prémio de 30.000€, valorizando a profunda importância dos professores no desenvolvimento pessoal e profissional dos alunos do nosso país e das comunidades onde estão inseridos. Esse é também o foco da campanha de comunicação do projecto – Obrigado Professor – onde são os próprios alunos a reconhecer esse papel e a agradecer aos seus professores tudo aquilo que eles fazem nas salas de aula de Portugal.

O Prémio é dirigido a todos os docentes que exerçam a profissão, desde o pré-escolar ao 12º ano de escolaridade (regular ou outros).

As candidaturas poderão ser submetidas online no site do Global Teacher Prize Portugal – www.globalteacherprizeportugal.pt - pelos próprios professores.

Apesar de as candidaturas serem da responsabilidade dos professores, toda a Comunidade - Pais, Alunos etc – é convidada a recomendar os professores que considerem merecer a distinção (basta ir ao site do GTPP e entrar em "Quero propor professores para o prémio". O prazo das recomendações termina mais cedo). A revelação do vencedor acontece no evento final marcado para Maio deste ano. Todo o processo e os resultados são auditados pela PwC Portugal.

Já várias personalidades e figuras públicas se associaram ao projecto, entre elas Vhils, João Vieira Pinto, Ricardo Araújo Pereira, Nuno Markl, Fernando Serrano, Vasco Palmeirim, Laurinda Alves, Margarida Pinto Correia, Vera Fernandes e Pedro Ribeiro.

De referir que o Global Teacher Prize Portugal apenas é possível através do apoio da Fundação Galp, Delta Cafés, Federação Portuguesa de Futebol, TVI, Rádio Comercial, Cision, GFK e PwC Portugal, permitindo assim investir na educação dos nossos jovens e impactando todos os quadrantes da sociedade, promovendo a qualidade de vida das famílias e ajudando a desenvolver uma sociedade mais próspera e sustentável.

Este prémio nacional conta ainda com uma parceria especial com o Plano Nacional das Artes um projeto dos ministérios da Cultura e da Educação que tem como objetivo tornar as artes mais acessíveis aos cidadãos, em particular às crianças e aos jovens, através da comunidade educativa, promovendo a participação, fruição e criação cultural, numa lógica de inclusão e aprendizagem ao longo da vida.

Saiba mais sobre os finalistas das edições anteriores em www.globalteacherprizeportugal.pt/ no separador "Edições anteriores".

 

Maria Elsa da Fonseca Cerqueira é professora de Filosofia na Escola Secundária de Amarante.

Move-se pelo desafio de criar e implementar “pequenas utopias”, com o intuito de potencializar o desenvolvimento de cidadãos críticos e criativos para uma sociedade paulatinamente mais autêntica, isto é, mais humanizada.

A professora combina as suas três paixões: filosofia, cinema e educação, assegurando a transmutação da utopia em realidade. A professora Elsa é ainda criadora do projeto “Filosofia com Cinema”, que visa desenvolver o pensamento filosófico de cada aluno, dentro e fora do filme.

A ação pedagógica de transformação dialógica permite que cada jovem, em cooperação com os pares, desenvolva, através dos filmes, o seu questionamentos, autonomia cognitiva e afetiva, seguindo valores fundamentais como o respeito para com o outro, a tolerância pela diversidade e a solidariedade. A extensão desta ação à comunidade civil torna-os seres ativos capazes de a melhorar segundo o enfoque prático de cidadania esclarecida, interventiva e colaborativa. Desta forma, o aluno-filósofo é estimulado a exercitar o pensamento, descobrindo e construindo ativamente o conhecimento e descobrindo-se, com a orientação da professora, enquanto ser crítico e criativo, além das outras competências consideradas essenciais no Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória.

Quanto à Menção Honrosa Adaptação e Inovação no Ensino à Distância – que vem reconhecer todo o trabalho dos docentes e comunidades educativas desde a suspensão das atividades letivas presenciais, e cujo regresso este ano acabou por ser uma surpresa tornada possível graças ao sucesso surpreendente da campanha de crowdfunding que o GTPP testou este ano, foi atribuída a: Bruno Gomes.

 

Bruno Miguel Cavaco Gomes é professor de Educação Física, ensina alunos do Ensino Secundário Regular do Agrupamento de Escolas João de Deus, Faro.

Há 19 anos que implementa projetos de sua autoria (“Pinheiríadas” e “Francisquíadas”), este ano com o nome de “Licíadas”. Através destes, o docente procura envolver, num concurso cultural e desportivo, outros professores,  alunos de vários anos de escolaridade e familiares. Esta resposta irreverente e inovadora pretende que atividades não curriculares e curriculares coexistam num sistema de ensino que formate menos e humanize mais.

Depois de 19 anos a implementar estes projetos nas escolas, a motivação dos alunos para participarem das aulas de Educação Física aumentou significativamente, e o livro de marcar pontos, está em via de extinção. Na adaptação no ensino à distância, o Professor conseguiu manter os alunos a realizar atividade física invertendo os papeis e desafiando os alunos a preparar partes das aulas.. 

Esta acabou por ser mais uma edição atípica do prémio devido ao contexto de crise pandémica mas com adesão histórica de professores e professoras com candidaturas validadas pelos auditores da PwC Portugal.

Com uma clara abrangência nacional, é de salientar este ano chegam mesmo de todo o território, ou seja, dos 18 distritos do continente e das duas regiões autónomas e voltam a estar representados professoras e professores de todos os níveis de ensino.

 

OUTROS FINALISTAS GTPP 2021 (por ordem alfabética)

 

Anabela Rosa Areias é professora de 1º Ciclo do Ensino Básico na Escola Básica Mem Martins do Agrupamento de Escolas Ferreira de Castro, Sintra.

É na pedagogia de Waldorf que centra as suas práticas educacionais e efetivas, partindo de vários princípios, como o trabalho em prol da tendência natural das crianças para serem ativas, da valorização das experiências sensoriais nos primeiros anos de vida e da importância de viver a vida ao ritmo das estações do ano.

Algumas metodologias podem ser exemplificadas através de atividades como a realização de pinturas a giz sobre diferentes temáticas, a escrita com recurso a lápis de cor ao invés do tradicional carvão, o início do dia ao som de ritmos diversos, a aprendizagem de instrumentos musicais como a flauta de bisel, desenvolvimento de competências como tricô, pintura em aguarela e modelagem com cera de abelha.

Por sentir a necessidade de promover e divulgar tal pedagogia para mais agrupamentos e também nas Escolas Superiores de Educação, a professora escreveu o seu primeiro livro: 1...2...3... Aqui vou eu!.

 

Célia Maria Borges Prata é professora de Educação Especial e coordenadora da Equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva e formadora, leciona no 3º ciclo, secundário regular e profissional na Escola Secundária Quinta das Palmeiras, na Covilhã.

O seu contributo na escola baseia-se na construção de projetos e parcerias que possibilitam o desenvolvimento de competências académicas, pessoais e sociais dos alunos da Educação Especial para a transição para a vida ativa ou para o acesso ao ensino superior. Um de seus projetos inovadores é o Inclusion Project 21 – Centro de Apoio à Aprendizagem, que conta com duas vertentes, o “Espaço escola e vida” e “Bem-estar emocional e comunicação”.

A professora acredita que, na maioria dos casos, não são as limitações cognitivas, mas sim a ausência de bem-estar que cria a indisponibilidade para aprender. A emoção e as dificuldades comunicacionais caminham lado a lado e manifestam-se através no desempenho escolar, induzindo insucesso académico, problemas comportamentais e desmotivação.

 

Elsa João Cardoso Mota é professora Elsa de Multimédia e diretora do Curso Profissional na Escola Secundária Eça de Queirós, em Lisboa. Atualmente, ensina alunos do Ensino Secundário.

Com o objetivo de ajudar os alunos a desenvolver competências de comunicação, confiança, liderança, decisão e resolução de conflitos, a docente desenvolveu e coordenada com os alunos vários projetos transversais, em benefício de todo o agrupamento, por exemplo: EçaTV, EçaRádio e EçaNews. Estes, envolvem, aproximadamente, 150 alunos de várias faixas etárias.

Estas iniciativas estão assentes em dinâmicas colaborativas, sendo criadas equipas e líderes, coordenados pela professora Elsa, responsáveis pela sua própria aprendizagem e a dos colegas. A inovação, o sucesso na aprendizagem e a motivação dos alunos, surgem como consequências de diversos fatores, caso da participação em concursos, projetos europeus, parcerias com empresas e instituições públicas (em que os alunos têm a oportunidade de trabalhar em contexto real). A par disto, a docente investe na participação ativa, modelos de aulas invertidas, trabalho por projetos, e numa relação pedagógica de proximidade com os alunos e com a comunidade escolar. Um dos seus motivos de orgulho, é o contributo que o Ensino Profissional da sua escola tem dado para assegurar oportunidades e percursos de vida para os seus alunos, a nível de emprego, prosseguimento de estudos ou, até, da descoberta de novas vias profissionais em áreas diferentes.

 

Helena Cristina de Carvalho Pires é professora de Ciências Naturais, leciona no 3º Ciclo do Ensino básico, no Agrupamento de Escolas de Álvaro Velho, Barreiro. Leciona, ainda, Cursos de Educação e Formação (CEF) em Jardinagem.

A metodologia empregue pela docente é baseada em projetos colaborativos interdisciplinares, internacionalmente conhecida como STEM (Science, Technology, Engineering e Mathematics), unindo quatro áreas do conhecimento para resolver desafios diversos. Assim, o ensino formal e não formal surgem interligados, incorporando as Ciências, Tecnologias, Engenharias e a Matemática, na sala de aula com objetivos práticos.

Promove, também, o desenvolvimento do espírito crítico e da capacidade de resolução de problemas, competências fundamentais para preparar melhor futuros cidadãos. Já participou em diversos concursos que providenciaram experiências inesquecíveis aos seus alunos, disseminadando, nacional e internacionalmente, essas experiências, de forma a inspirar outras escolas. A Professora leciona também o clube Eco-amigos da Natureza/Eco-escolas.

 

Maria Cristina Baltazar Chau é professora de Educação Visual do 2º e 3º Ciclo no Agrupamento de Escolas da Lousã, Lousã.

Procura desenvolver, para além das competências previstas no programa e nas metas curriculares da disciplina, o gosto pela arte, a pesquisa, o método e rigor no trabalho, a sensibilidade estética, a sensibilização para o património e para a sustentabilidade, e as atitudes de solidariedade e de sociabilidade. Para isso, as suas aulas decorrem em espaços diversificados como museus, bibliotecas e ao ar livre, dinamiza projetos com base no trabalho colaborativo, transdisciplinar, tendo em conta a flexibilização de conteúdos.

Com o projeto “Clube do Bem-estar Animal”, contribuiu para a melhoria da autoestima dos alunos, a motivação e a diminuição de comportamentos agressivos, pala além de promover o sentimento de responsabilidade e o dever de cuidar do meio ambiente, formando cidadãos críticos e participativos. Como coordenadora do Projeto Cultural de Escola, cria e dinamiza atividades em aulas de diversas turmas desde o Pré-escolar ao Ensino Secundário, contribuindo para que a arte entre transversalmente na escola.

 

Maria de Fátima Gomes Pais Ferreira é professora do grupo de Informática do Ensino Secundário no Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite, São João da Madeira. 

A sua abordagem pedagógica centra-se na triangulação de três componentes: desafios, trabalho em rede e paixão. Desta forma, a professora desafia os seus alunos a superarem-se e, ao mesmo tempo, a contribuírem para a sociedade de forma positiva, estimulando o empreendedorismo. As temáticas trabalhadas têm como base problemas da vida real, que podem surgir dos interesses dos alunos no âmbito de projetos, ou até mesmo, integrados em concursos diversos. Sempre que possível, a professora forma equipas multidisciplinares com alunos de diferentes áreas a trabalhar para o mesmo projeto, possibilitando uma aprendizagem cooperativa mais autêntica.

A professora Fátima destaca que, ante um projeto desenvolvido pelas necessidades dos próprios alunos, os conteúdos emergem de forma natural, o trabalho mobiliza e potencializa as competências de cada aluno e estes deixam-se contagiar pelo entusiasmo e paixão. Por exemplo, por iniciativa dos alunos, foi desenvolvida a aplicação Sandspace para ajudar os banhistas a identificar as praias menos ocupadas. Mais do que os prémios obtidos, este projeto teve um grande impacto na comunidade educativa e na valorização do Ensino Profissional.

 

 

Maria Elsa Padrão Mendanha é professora de Educação Pré-Escolar do Jardim-de-Infância de Seide S. Miguel, Vila Nova de Famalicão.

A inovação em seu método pedagógico consiste em conceber a escola como um todo: usa os espaços exteriores da comunidade como uma extensão do edifício, envolve colegas, assistentes operacionais, famílias e outros elementos da comunidade.

A mudança do modelo educacional tradicional para um modelo pedagógico baseado no construtivismo, no humanismo, no naturalismo e na participação, sustenta-se no trabalho colaborativo em parceria com outros professores, tendo dado origem ao Projeto: “Sei de um Jardim…para Brincar e Aprender”. Este projeto visa proporcionar uma educação de qualidade, baseada em ações, que favorecem a inclusão, respeitando a singularidade e liberdade de cada criança. Estabelece, assim, uma relação colaborativa de proximidade com a comunidade, numa partilha de recursos humanos e materiais que complementam as práticas educativas. Como resultado, é possível verificar a felicidade e a motivação que as crianças sentem em ir para a escola, também enfatizada pelas famílias.

 

Nuno José da Silva Trindade Duarte é professor Nuno de Aplicações Informáticas B a alunos do 12º ano de escolaridade, no Agrupamento de Escolas de Cister, Alcobaça.

É movido pela paixão de criar oportunidades e acender corações, incentivando a autonomia dos alunos através de projetos reais de impacto pessoal e/ou na comunidade, assumindo ainda um compromisso para com o ecossistema.

É através do uso de ferramentas digitais que este docente gere e organiza todas as etapas do projeto com os alunos. A trajetória conduz os alunos, dos projetos de natureza técnica, ao desenvolvimento e exploração pessoal, ao nível das “soft e meta skills”. Ao longo deste desenvolvimento, são guiados por processos subjetivos e reflexivos, com foco na estrutura de portefólios, até concluírem “O Teu projeto és Tu”. Assim, acredita e defende a necessidade de criar espaços mentais diferentes na relação professor/aluno, considerando este um processo nuclear.