Incêndios: Universidade de Évora e GEOTA «unem-se» para restaurar habitats de Monchique

14:32 - 29/01/2020 MONCHIQUE
A Universidade de Évora e o Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA) «uniram» esforços para restaurar habitats naturais na serra algarvia de Monchique,

alvo do maior fogo em 2018 em Portugal e na Europa.

A Universidade de Évora (UÉ) indicou hoje ter assinado um protocolo de colaboração com o GEOTA, que tem como objetivo “criar sinergias entre os projetos de conservação que cada entidade coordena na serra de Monchique”, no distrito de Faro.

As duas entidades “unem esforços para restaurar os habitats naturais” naquela serra, referiu a academia alentejana, em comunicado.

Na zona de Perna Negra, na Serra de Monchique, no dia 03 de agosto de 2018, deflagrou o maior incêndio registado em 2018 em Portugal e na Europa, que foi dominado apenas ao oitavo dia, na manhã de 10 de agosto.

As chamas destruíram 74 casas e mais de 27 mil hectares de floresta e de terrenos agrícolas nos concelhos de Monchique, Silves e Portimão, no distrito de Faro, e de Odemira, no distrito de Beja.

No comunicado hoje divulgado, a UÉ refere que está a coordenar o projeto LIFE-Relict, que pretende “conservar um dos habitats naturais mais raros da Europa e um dos mais singulares da serra de Monchique”.

A iniciativa visa a “conservação das comunidades arborescentes de espécies lauróides”, que são “habitat prioritário” e onde “vivem as plantas testemunhas das florestas de Laurissilva que ocuparam a Península Ibérica em épocas geológicas passadas, quando o clima dominante era do tipo subtropical”.

“Nesta situação estão os raros Adelfeirais, dominados pelos imponentes arbustos de Rhododendron ponticum subsp. baeticum, espécie florística escassa e fragmentada nas áreas do oeste da Península Ibérica”, pode ler-se no comunicado.

O projeto envolve variadas ações concretas que pretendem incrementar a floresta autóctone e, em consequência, aumentar “a resiliência e a robustez deste habitat prioritário, face à exposição das ameaças mais significativas”, como os fogos, as intervenções silvícolas inadequadas, propagação de espécies exóticas invasoras ou alterações climáticas, entre outras.

O GEOTA, em simultâneo, está a coordenar o projeto Renature Monchique, focado no restauro dos “principais habitats da Rede Natura 2000 afetados pelo incêndio de 2018”.

“Está previsto renaturalizar a paisagem da serra de Monchique com mais de 75 mil árvores de espécies autóctones. Prevê-se ainda conseguir contribuir para o bem-estar da comunidade local e mitigar os futuros impactes das alterações climáticas no território”, referiu a academia.

Por considerarem que os objetivos específicos de ambos os projetos se complementam, a UÉ e o GEOTA pretendem cooperar e potenciar “o melhor sucesso na salvaguarda do património natural” da serra, “através da replicação e transferência de conhecimentos adquiridos por ambas as partes”.

A serra de Monchique tem cerca de 78 mil hectares e alberga mais de 20 habitats naturais e seminaturais, sendo cinco deles considerados prioritários para a conservação pela Diretiva Habitats (92/43/CEE), realçou a UÉ.

“É, por isso, designada Sítio de Importância Comunitária (SIC)”, acolhendo “espécies florísticas raras, algumas endémicas e outras ameaçadas de extinção, como é o caso do carvalho de Monchique (Quercus canariensis)”, uma “planta que, em conjunto com outras espécies florísticas da região, confere particular valor à floresta autóctone”, frisou.

 

Por: Lusa