Cerca de 20 pessoas reivindicaram hoje a retirada de processos disciplinares aplicados a três trabalhadores do hotel Crowne Plaza, em Vilamoura, que distribuíram folhetos a clientes dando conta da estagnação dos salários e do não pagamento de horas extraordinárias.
Do grupo que se concentrou junto à unidade faziam parte os três trabalhadores e sindicalistas.
O caso reporta-se a 24 de março, dia em que vários trabalhadores tiveram um plenário na porta de serviço daquele hotel, no litoral do concelho de Loulé, e representantes sindicais pediram para que os trabalhadores entregassem os folhetos aos clientes.
A agência Lusa tentou obter esclarecimentos junto da administração, mas ainda não teve uma resposta.
Joaquim Costa, 60 anos, é cozinheiro naquela unidade hoteleira algarvia há 27 anos, delegado sindical na empresa e um dos funcionários que enfrentam um processo disciplinar.
“Aquilo de que a empresa nos acusa é de nós irmos denunciar publicamente que a empresa não nos aumenta há cerca de oito anos e que tem o trabalho suplementar, que retribui com tempo, e esse volume de tempo é de tal ordem que há trabalhadores que têm 120 dias por recuperar”, contou.
Lucília Pereira é copeira naquela unidade hoteleira há 29 anos e, a oito meses da reforma, afirma-se incrédula com o processo disciplinar que lhe foi instaurado.
“Éramos 13 pessoas e pergunto-me porque é que só fizeram processos a três e às outras pessoas não”, comentou à Lusa.
Os trabalhadores continuam em funções no hotel, mas temem que o processo disciplinar tenha a intenção de despedimento.
“O sindicato tem lutado muito pelos nossos direitos. Temos aderido muito pouco aos plenários porque há uma grande repressão sobre o pessoal e eles têm medo de aparecer e de represálias”, observou Lucília Pereira, lamentando a falta de apoio de colegas no protesto que decorreu esta manhã à porta do hotel.
O episódio de 24 de março não foi a primeira abordagem sobre os problemas laborais sentidos pelos trabalhadores da empresa.
Joaquim Costa explicou que desde o início do ano os trabalhadores tiveram duas reuniões com a administração para falarem sobre a situação, mas, ao não verem resultados, enviaram uma carta a solicitar respostas.
Segundo o trabalhador, ainda não houve qualquer resposta da administração à carta e foi esta demora na discussão dos problemas dos trabalhadores motivou a denúncia pública de 24 de março.
O protesto de hoje foi preparado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Algarve, que voltou a entregar folhetos a quem passava no exterior do hotel, apelando aos clientes que reclamem junto da administração respeito pelos trabalhadores e a interrupção dos processos em curso.
Por Lusa