A vitória do Brexit já estar a ter consequências diretas no setor imobiliário britânico. Pelo menos, nos mercados financeiros. As companhias do setor que estão cotadas em bolsa têm vindo a afundar-se nas últimas sessões, com quedas que somam já 23%. Ou seja, perderam praticamente um quarto do seu valor de mercado.
E isto não é tudo: face ao processo de desconexão do Reino Unido da União Europeia, as grandes casas de análise recortaram em bloco as previsões do setor imobiliário, o que deixa antever que enfrentará uma travessia no deserto nos próximos meses, enquanto o país e os ainda sócios europeus definem o caminho a seguir e os termos em que será concretizada a saída.
O banco de investimento norte-americano Morgan Stanley, por exemplo, decidiu recortar em 20% do preço objetivo do setor imobiliário britânico. Na sua opinião, o impacto do Brexit na indústria poderá ser significativo, o que irá afetar os arrendamentos e os investimentos nas propriedades de Londres.
Morgan Stanley antevê uma queda dos preços das rendas na capital britânica de 15% durante o próximo ano e meio, assim como maiores descontos sobre o valor líquido dos ativos (NVA, nas suas siglas em inglês).
Outro banco de investimento que meteu a tesoura na valorização das imobiliárias britânicas é o suíço UBS. Neste caso, prevê uma queda na procura de escritórios no futuro como consequência da redução do PIB e no abrandamento na criação de emprego que se esperam para o Reino Unido. A maior ameaça, avisa, é a perda de interesse em Londres e nos escritórios da city devido à elevada exposição direta dos inquilinos ao setor financeiro.
Ontem mesmo, a Associação Europeia Bancária (EBA) deu a entender que irá trasladar a sua sede de Londres para Paris ou Frankfurt.
Além do mais, a queda da libra face a outras divisas como o euro ou dólar poderá provocar uma descida dos preços, um abrandamento na compra de casas no estrangeiro por parte dos britânicos, algo que afetará em cheio a Portugal, uma vez que continuam a ser um dos principais investidores.
De todas estas previsões, há um prognóstico que começa a ser cada vez mais claro: vai chegar um ciclo de correção no setor imobiliário no Reino Unido.
Por: Idealista