As bolsas europeias vão ficar marcadas por «alguma volatilidade» nos próximos dias depois de os britânicos terem hoje escolhido em referendo a saída da União Europeia, segundo analistas contactados pela Lusa.
“Para hoje julgo que o mercado poderá começar a tranquilizar um pouco… mas o que vai acontecer é muito difícil de saber, o que se pode avançar mesmo para já é volatilidade nos mercados. Muita volatilidade nas próximas semanas, há muitas pontas soltas”, disse à Lusa Paulo Rosa, economista da GoBulling/Banco Carregosa Online.
Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido vai sair a União Europeia, depois de o 'Brexit' ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira, cuja taxa de participação foi de 72,2%.
De acordo com Paulo Rosa a expetativa, e as sondagens de quarta-feira, apontavam a permanência do Reino Unido na União Europeia, mas tal não se veio a concretizar, facto que levou “a penalizar os mercados acionistas europeus que estão a perder entre 7 e 9 %, bem como a libra esterlina” está em queda.
Segundo o analista o facto do primeiro ministro britânico David Cameron ter anunciado a sua demissão, que ficará efetivada em outubro, deu “um pouco de alívio aos mercados”.
“O mercado está a digerir com mais calma, para o dia de hoje. Para a semana sabemos que muitas coisas poderão acontecer. Há aqui muitas incógnitas. Vamos ver como vão reagir as instituições europeias tanto hoje, como nos próximos dias, em virtude desta saída do Reino Unido”, sublinhou.
Também Pedro Ricardo Santos, analista da sociedade X Trade Brokers, referiu à Lusa que a decisão dos britânicos vai provocar “turbulência nos mercados”, à qual já se assiste.
O economista lembrou que a libra está em “mínimos de mais de trinta anos”, bem como o euro, que se encontra a “perder terreno”.
“[Estão também em queda] todos os restantes ativos de risco, como ações e os índices. Há aqui uma aversão ao risco que começou a meio da madrugada de hoje quando se começou a perceber que era muito provável que o ‘leave’ saísse vitorioso. Assistimos a muitos investidores a quererem sair do mercado do Reino Unido, não só da libra, mas também dos ativos mais expostos à economia britânica”, frisou.
Pedro Ricardo Santos sublinhou que, de momento, assiste-se à instabilidade nos mercados financeiros e ativos de risco, mas a algum benefício dos ativos de refúgio, como o iene e o ouro que acabam por sair beneficiados com o resultado do ‘Brexit’.
“Para já sabemos que a queda do governo britânico é uma realidade adiada para o último trimestre do ano e só a partir daí é que se vai perceber as reais consequências em termos de negócios com o Reino Unido que esta fratura com a União Europeia vai provocar”, afirmou o analista.
Pedro Ricardo Santos acredita que Portugal, pelo facto de ter relações estreitas com o Reino Unido com o qual tem uma das mais antigas alianças mundiais, pode vir a sofrer algum revés no que diz respeito ao turismo.
“Dentro da União Europeia [Portugal] não é um ‘player’ tão importante para o Reino Unido, mas nós dependemos bastante do turismo britânico, e esta queda da moeda acaba por retirar competitividade ao Algarve, às exportações que traduzem o turismo português. Quem vem para o Algarve nos próximos dias terá a sua estadia muito mais cara em virtude desta desvalorização da libra, é verdade que o euro também desvalorizou, mas a queda da libra foi muito mais forte”, alertou.
Os eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido vai sair a União Europeia, depois de o 'Brexit' ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira, cuja taxa de participação foi de 72,2%.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou já a intenção de se demitir em outubro, na sequência deste resultado,
As principais bolsas europeias abriram hoje em forte queda, com a bolsa de Londres a descer perto dos 8%.
Por: Lusa