Cerca de três dezenas de trabalhadores e dirigentes sindicais manifestaram-se hoje junto ao hotel D. Filipa, em Vale do Lobo, no Algarve, para exigir aumentos salariais, 35 horas semanais para todos e o pagamento dos feriados.
O protesto foi convocado para a porta do hotel localizado no concelho de Loulé e coincidiu com a greve que o Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Algarve (STIHTRSA) convocou para hoje em todas as unidades do grupo JJW, ao qual o hotel D. Filipa pertence.
Mas fonte oficial do grupo refutou os motivos apontados pelos trabalhadores e o sindicato para a greve e o protesto, que qualificou de “extemporâneo” porque os cerca de 600 funcionários do grupo “têm os ordenados em dia” e as matérias que são alvo de reivindicação “estão a ser negociadas pelos sindicatos e a Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA)”.
Acácio Santos foi um dos trabalhadores que falou com a Agência Lusa e explicou que os trabalhadores estão a “fazer os feriados de borla” e, por isso, “a greve foi realizada hoje, porque é o primeiro feriado” desde que decidiram avançar para esta forma de luta.
“Temos direito a receber, mas supostamente a empresa diz que não tem hipótese de pagar, e em contrapartida pedimos duas folgas, uma coisa sem qualquer custo para a empresa e que compensava os trabalhadores de alguma forma pelo trabalho nos feriados. Mas a empresa mesmo assim diz que não pode dar, não esteve disponível para falar com os trabalhadores e levou-nos a esta situação”, afirmou este funcionário.
A mesma fonte criticou o facto de no hotel D. Filipa haver “setores que fazem 35 horas”, como a contabilidade, enquanto os restantes “têm que trabalhar 40”, o que está a causar, considerou, uma situação de discriminação entre os próprios funcionários.
“Se trabalhamos todos em hotelaria, por que não é geral e não trabalhamos todos 35 horas? Eles também não trabalham feriados e nós temos que trabalhar, não estamos com a família e não temos qualquer compensação por isso”, lamentou.
Também Paulo Sebastião, bagageiro do hotel D. Filipa e dirigente sindical, disse que os trabalhadores “não são aumentados há quase nove anos” e o que estão a pedir é essa reposição do poder de compra, “que a empresa diz não ter condições para repor”.
Tiago Jacinto, coordenador do sindicato no Algarve, disse à Lusa que “o descontentamento existe em toda a região” do Algarve, onde “a maioria dos trabalhadores do setor do turismo no não têm aumentos salariais há cerca de 10 anos, as condições de trabalho e de vida têm-se vindo a degradar de ano para ano, o aumento do custo de vida tem dificultado as coisas e as pessoas estão a chegar a um limite”.
“Segundo empresários e patrões do setor, os últimos anos do turismo foram bons no Algarve e 2016 ainda vai ser melhor que 2015. Não se percebe como o setor continua a utilizar a precariedade, os contratos a termo, o trabalho temporário, os estágios a ocupar postos de trabalho efetivos”, contrapôs.
Por: Lusa