Ricardo Melo Gouveia (RMG) deverá tornar-se na próxima semana no primeiro português a ser convidado para competir num torneio do PGA Tour, o mais importante circuito mundial de golfe.
O português de 24 anos recebeu um convite para a 38ª edição do Arnold Palmer Invitational presented by Mastercard, um dos mais prestigiados torneios de preparação para o Masters, o primeiro Major do ano.
«É sem dúvida um sonho, não só por ser o meu primeiro torneio no PGA Tour, como também pelo facto de ser em Orlando, onde passei três dos quatro anos que estive na faculdade (na University Central Florida). Vai ser a primeira vez que vou voltar depois de me ter licenciado e também e tenho lá o meu irmão Tomás a estudar. Vai ser bom estar com ele e com os meus antigos colegas de equipa (os “Knights”)», disse RMG ao Gabinete de Imprensa da FPG.
O Arnold Palmer Invitational presented by Mastercard disputa-se para a semana, de 17 a 20 de março, com o Pro-Am a 16, no famoso Bay Hill Club & Lodge, comprado pelo próprio Arnold Palmer em 1976, em Orlando, na Florida.
Na lista de campeões deste torneio que distribui prémios no valor de 5,7 milhões de euros, encontramos a maioria dos melhores de sempre, com grande destaque para os oito títulos de Tiger Woods, mas também o próprio Arnold Palmer, Lee Trevino, Tom Kite, Ben Crenshaw, Phil Mickelson, Ernie Els, Vijay Singh e, nos últimos dois anos, o bem menos conhecido Matt Every, que regressa para a semana para tentar o “tri”.
Este ano, a lista volta a ser das mais ricas de sempre e estão confirmados sete jogadores do ranking mundial – Rory McIlroy, Jason Day, Bubba Watson, Adam Scott, Henrik Stenson e Justin Rose – para além de muitos campeões de Majors e antigos n.º1 do ranking.
«O comité que organiza o torneio concedeu um convite ao Ricardo, com o apoio da Hambric Sports (a empresa de gestão de carreiras desportivas que agencia o n.º1 português) e do Simão da Cunha, que é o diretor regional da Arnold Palmer Design para Portugal, Espanha e Norte de África», disse ao Gabinete de Imprensa da FPG o pai do jogador, Tomás Melo Gouveia.
«Em nome do Ricardo, aqui fica o agradecimento aos dois (Hambric Sports e Simão da Cunha) pela oportunidade de competir com alguns dos melhores jogadores da atualidade», acrescentou Tomás Melo Gouveia que, no ano passado, serviu várias vezes de caddie ao seu filho, ajudando-o a tornar-se, em 2015, no primeiro português a terminar uma época como n.º1 da Corrida para Omã, o ranking do Challenge Tour, a segunda divisão do circuito profissional europeu.
Manuel Agrellos, o presidente da Federação Portuguesa de Golfe, considera que «o Ricardo Melo Gouveia também tem um enorme mérito neste convite, pois deve-se seguramente, em parte, a ter feito parte da seleção da Europa que venceu a Palmer Cup no seu último ano de amador, em 2014».
Esse fator deverá ter sido levado em conta. Veja-se como o primeiro “wild card” para a edição deste ano foi dada a outro jogador que disputou a Palmer Cup, o norte-americano Maverick McNealy. Aliás, no site oficial do torneio faz-se referência a «91 jogadores da Palmer Cup que competem no PGA Tour ou no European Tour».
«Foi graças à ajuda da Hambric Sports e do Simão da Cunha que consegui este convite, mas penso que o facto de ter jogado a Palmer Cup e também de ter ganho o Challenge Tour no ano passado ajudou a essa decisão por parte dos responsáveis do torneio», analisou o português residente em Londres.
O presidente da FPG dá, naturalmente, «a maior importância a este convite» e sublinha que não há memória «de um português ter recebido um convite para o PGA Tour, deverá ser a primeira vez», embora saliente logo que «já houve outro português a jogar um torneio do PGA Tour, o Filipe Lima, mas por ter passado a fase de qualificação do Open dos Estados Unidos».
Manuel Agrellos refere-se à participação de Filipe Lima no 105º US Open, em 2005. Na altura tinha 23 anos e foi 5º classificado no “qualifying” que se realizou em Walton Heath, em Inglaterra, com 139 pancadas (-5) em 36 buracos.
Depois, já em Pinehurst, na Carolina do Norte, não passou o cut, somando 150 pancadas (75+75), 10 acima do Par. O português residente em França passou para a história como o primeiro português a disputar o US Open.
Ricardo Melo Gouveia está a cotar-se como um profissional de golfe à escala global e será sujeito a um desgaste assinalável. Na semana passada jogou o ISPS Handa Perth International, na Austrália, que contou para o European Tour, o Asian Tour e o PGA Tour of Australásia; esta semana jogou no True Thailand Classic presented by Chang, na Tailândia, que integra os European e Asian Tours; e para a semana já viajará para os Estados Unidos, para a Florida, para competir no Arnold Palmer Invitational presented by Mastercard, calendarizado no PGA Tour.
«Há uma semana estava com mais esperanças (de receber o convite), mas fui perdendo à medida que o tempo foi passando. Só recebi a resposta ontem à tarde (horas portuguesas), de madrugada aqui na Tailândia. Posso dizer que a minha cabeça já estava preparada para ir para a Índia. Mas hoje quando acordei vi as mensagens e aí sim fiquei completamente surpreso. Uma grande surpresa!», admitiu o representante do Team Portugal e profissional do Guardian Bom Sucesso Golf, que teve de pedir ao European Tour que o isentasse de disputar o Hero Indian Open, onde estava inscrito na próxima semana, para poder viajar para a Florida.
O atual n.º1 do golfe português é o único golfista nacional a entrar no top-100 do ranking mundial (82º esta semana), o único no top-60 do ranking olímpico (35º esta semana), sendo muito provável que compita este ano nos Jogos do Rio de Janeiro, e ocupa ainda o 65º lugar da Corrida para o Dubai, a hierarquia oficial do European Tour, a primeira divisão do circuito profissional europeu.
Por FPG
Foto Hugo Ribeiro