MINISTRO DA CULTURA ESTEVE EM QUERENÇA PARA APRESENTAR PROJETO ROMANCEIRO.PT

10:43 - 23/02/2016 LOULÉ
João Soares, Ministro da Cultura, deslocou-se no passado sábado à aldeia de Querença, no interior do Concelho de Loulé, para presidir à apresentação pública do projeto romanceiro.pt, que decorreu na Fundação Manuel Viegas Guerreiro, numa cerimónia que contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Loulé, Vítor Aleixo.

Esta iniciativa, que nasce de uma parceria entre esta Fundação e o Centro de Investigação em Artes e Comunicação da Universidade do Algarve, com financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian (programa de Recuperação, Tratamento e Organização dos Acervos Documentais), resulta do projeto “O Arquivo do Romanceiro Português da Tradição Oral Moderna (1828-2010): sua preservação e difusão”. Constitui-se como uma plataforma digital onde são disponibilizados online e em acesso livre os textos do Romanceiro português e, quando conservados, os respetivos sonoros.

Este é, sem dúvida, um importante passo para salvaguardar e promover o Arquivo do Romanceiro Português, já que os formatos em que se encontrava (cassetes áudio e fotocópias em papel) constituía uma ameaça à sua preservação.

Desta forma, recorrendo à digitalização, é disponibilizado ao público um arquivo único no contexto ibérico, que compreende 660 horas de gravação (em 609 cassetes áudio que estão depositadas na Fundação Manuel Viegas Guerreiro), 3632 versões inéditas de romances e 10096 versões de romances publicadas entre 1828 e 2010.

A equipa responsável deste projeto é composta por Pedro Ferré, Sandra Boto e Mirian Tavares.

O Romanceiro é um género poético tradicional que circula desde os finais da Idade Média na memória dos povos de expressão portuguesa, galega, castelhana e catalã, difundindo-se desde então oralmente de geração em geração.

«Desde que o Romantismo encetou o interesse sistemático por este género poético em 1824, foram coligidas milhares e milhares de versões de romances em Portugal, em Espanha e nos países da diáspora portuguesa e espanhola, sem falar na memória romancística que os judeus expulsos da Península Ibérica nos finais do século XV transportaram com eles pelo mundo e que ainda hoje é preservada. Para o caso específico português, poderiam referir-se os contributos das recolhas e publicações de versões de romances realizadas a cargo de nomes como Almeida Garrett, Teófilo Braga, Leite de Vasconcellos, Consiglieri Pedroso, Alves Redol, Michel Giacometti, Maria Aliete Galhoz, Manuel Viegas Guerreiro, entre tantos outros. Este arquivo alimenta-se, justamente, dos trabalhos de recolha e publicação do romanceiro tradicional português que estes e muitos outros interessados na literatura de tradição oral levaram e continuam a levar a cabo no presente.» (Universidade do Algarve).

 

Por: CM Loulé