INUAF | varias causas conduzem ao seu encerramento

21:24 - 23/02/2016 LOULÉ
Preocupado com o anúncio de encerramento do INUAF – Instituto Superior Dom Afonso III, em Loulé, Hélder Semedo, ex-presidente da JS Loulé, convocou uma reunião com o Professor João Felizardo, membro da direção da CEUPA - Cooperativa de Desenvolvimento Universitário e Politécnico do Algarve, C. R. L., proprietária do INUAF, que o recebeu no passado dia 18 de fevereiro, nas instalações do INUAF.

 

Numa breve descrição daquela que foi a vida do INUAF, João Felizardo recordou que o Instituto nasceu no programa eleitoral de Joaquim Vairinhos, em 1993. Posteriormente, após vários contactos com outras universidades que não terão dado frutos, é decidido avançar com um projeto autónomo, que terá dado origem à CEUPA, em 1995. Em 1997 foram reconhecidas as primeiras 6 licenciaturas lecionadas no INUAF, tendo os anos que se seguiram decorrido com normalidade, com o acréscimo de mais licenciaturas, mestrado e pós-graduações, até ao momento em que começam a surgir as primeiras dificuldades. “O Instituto atinge o seu pico de ocupação nos anos letivos de 2007/2008 e 2008/2009, com cerca de 900 alunos. Em 2009/2010 começam a surgir os problemas, fruto de várias circunstâncias de caracter social, que afetaram todo o País, mas também algumas de caracter local, a que as pessoas não dão tanta importância, mas que teve, para nós, um peso muito grande, que foi a introdução das portagens da Via do Infante. Para nós foi algo decisivo, porque tínhamos muitos alunos vindos de todo o Algarve, que não tinham condições para suportar o valor das portagens” explica João Felizardo, para quem houve ainda outro fator influente neste declínio da instituição, “outra questão que teve influência foi a alteração de um certo paradigma em relação à formação superior. Até à cerca de 7 anos atrás, era uma mais-valia de emprego a pessoa ter formação superior. Hoje em dia aquilo que se assiste é que as pessoas escondem a formação superior para ter emprego. E essa alteração também afetou bastante os nossos cursos, o que para um organismo com uma dimensão pequena como a nossa, foi muito complicado.”

O membro da direção da CEUPA recordou ainda que, sendo o INUAF uma instituição privada, sem quaisquer apoios financeiros, a redução de alunos teve um impacto decisivo. “Nós nunca deixámos de ser uma pequena instituição, sem suporte, com o único financiamento a vir das propinas dos alunos. Nunca houve financiamentos, nem comparticipações por parte da Câmara, nem quaisquer subsídios ou outro tipo de verbas” afirma, concluindo que foram todas estas questões que levaram ao encerramento do Instituto, um processo que é agora “irreversível!”

Há cerca de três anos, quando a situação já se mostrava inviável, a direção da CEUPA fez ainda alguns contactos com universidades nacionais e estrangeiras e com grupos económicos que pudessem estar interessados… mas mais uma vez estes não deram frutos. Foi então decidido o encerramento do INUAF e acordado com os alunos o fecho gradual dos cursos, de forma a todos os alunos terminarem a sua formação, sem que fossem prejudicados. Decorre neste momento o último ano letivo lecionado no Instituto Superior Afonso III, de onde sairão os últimos alunos formados por esta Universidade. “Não se trata portanto de uma insolvência da instituição, mas sim do fecho controlado da atividade por ausência de alunos que permitam garantir o funcionamento da instituição” conclui. Também as situações relativamente ao corpo docente e funcionário foram sendo regularizadas ao longo dos últimos três anos, garante João Felizardo.

Questionado por Hélder Semedo sobre a relação existente com as autarquias posteriores à de Joaquim Vairinhos, João Felizardo diz que esta é uma boa relação, formal e sem problemas, mas sem manifestação de interesse ou preocupação relativamente às dificuldades que levam ao encerramento da Universidade. “A Câmara é um parceiro passivo. Não houve qualquer envolvimento da sua para tentar encontrar soluções“ refere, acrescentando “se deveria ou não ter esse papel…? Isso agora já é uma interpretação de cada um. “

O Instituto Superior Afonso III encerra as suas atividades no dia 31 de dezembro de 2016, conforme publicado em Diário da República no dia 27 de janeiro de 2016.

No final da reunião, Helder Semedo manifestou-se satisfeito com a mesma, tendo esta sido esclarecedora quanto a “muitas dúvidas que ainda existiam sobre o fecho do INUAF”. “Esta reunião serviu, sobretudo, para saber em primeira mão os motivos e consequências que este encerramento terá para a cidade de Loulé”. O ex-líder da JS Loulé acrescentou ainda que “Loulé irá sofrer com o fecho desta instituição, que assume um papel muito importante a nível social, económico e no desenvolvimento da cidade. “

Hélder Semedo aproveitou ainda para expressar o seu “agradecimento público ao professor Joaquim Vairinhos, pelo trabalho intenso e dedicação que manifestou relativamente ao projeto INUAF, enquanto presidente da Câmara Municipal de Loulé, tendo sido, sem dúvida, um grande motivador para este projeto. Foram 20 anos de INUAF, é uma pena que termine”. Segundo o socialista, têm alguma responsabilidade neste encerramento a Câmara Municipal de Loulé, mas especialmente o Ministério da Educação, liderado pelo Ministro Nuno Crato, “que poderia ter tomado outra posição, nomeadamente encontrar uma solução viável para o INUAF, quem sabe, transformando-o num polo da Universidade do Algarve, como tem Portimão ou Faro. Se o INUAF termina é por vontade política.”

 

​Por: VA