Ciclismo: O «clássico» também se joga na estrada

12:25 - 13/02/2016 DESPORTO
A época ainda nem começou e a rivalidade entre FC Porto e Sporting já se estendeu à estrada, com os «dragões» a roubarem a parceria da W52 aos seus arquirrivais, numa novela que deu que falar.

Foram precisos apenas três dias para o sempre pacato ciclismo português saltar para a ribalta nacional, como protagonista de uma novela que viveu o seu primeiro capítulo a 03 de dezembro, quando o Sporting anunciou, com pompa e circunstância, no seu jornal, o regresso à estrada depois de quase três décadas de ausência em parceria com a W52, equipa que venceu as últimas três edições da Volta a Portugal em bicicleta.

“O Sporting Clube de Portugal irá participar na próxima época desportiva de ciclismo profissional, um regresso a uma modalidade com grandes pergaminhos e tradição no clube que corresponde ainda a um grande anseio dos sócios e adeptos”, podia ler-se então em nota publicada no sítio oficial dos ‘leões’.

Três dias passaram até que, num inesperado comunicado, divulgado ao final da manhã de domingo, a Associação Vintagepódio – Clube de Ciclismo, que inscreve a W52, anunciou a quebra do pré-acordo existente com o clube de Alvalade.

Horas depois, Alexandre Quintanilha, o dono da equipa liderada pelo bicampeão em título da Volta a Portugal, Gustavo Veloso, aparecia lado a lado com Jorge Nuno Pinto da Costa para comunicar ao país uma parceria de cinco anos com o FC Porto.

Estavam servidos os ingredientes para uma ‘guerra’ com contornos futebolísticos, com o presidente portista a falar num acordo “com os pés bem assentes no chão” e o seu homólogo ‘leonino’, Bruno de Carvalho, apanhado de surpresa pela jogada de bastidores da direção portista, a lançar suspeitas de dopagem sobre a equipa de Sobrado, Valongo.

“Como tenho muitos anos de ciclismo e sei que este tipo de jogo também faz parte, tento não ligar a essas coisas. Penso que terá sido mais um momento de raiva pelas coisas não terem saído bem. Aqui toda a gente está tranquila e a treinar duramente como sempre, a cuidar-se. Não há mais nada a dizer. [Bruno de Carvalho] também falou e não disse nada. Acabou por deixar só as insinuações no ar”, disse em janeiro, à agência Lusa, o galego que lidera os ‘dragões’ na sua volta ao mundo velocipédico, após 31 anos de ausência.

Obrigado a improvisar, o Sporting descobriu a solução para os seus anseios no Algarve, num Tavira em dificuldades económicas, mas com o pergaminho de ser a mais antiga formação do pelotão internacional.

Sem tempo para construir uma equipa à altura da superpoderosa W52, que domina o ciclismo luso sem oposição há três épocas, os ‘leões’ foram ao mercado em busca de ciclistas sem contrato para a temporada de 2016, algo raro em meados de dezembro, e descobriram o italiano Rinaldo Nocentini, uma ‘estrela’ italiana, que vestiu de amarelo no Tour, mas que, sem resultados de relevo nos últimos tempos, foi dispensado pela AG2R.

Com o futebol sempre a caminhar em paralelo, Sporting e FC Porto foram apresentados, respetivamente, nos relvados de Alvalade e do Dragão, diante de uma turba ruidosa, que promete ocupar as estradas nacionais.

O primeiro embate está marcado para 17 de fevereiro, data de arranque da Volta ao Algarve, a primeira prova do calendário nacional. Muitos mais haverá ao longo da temporada, mas o verdadeiro vencedor deste duelo só será conhecido a 07 de agosto, dia em que Lisboa consagrará o vencedor da Volta a Portugal.

 

Por: Lusa