No Algarve, onde a economia «vive» da construção e do imobiliário, um terço das empresas está em incumprimento

13:11 - 12/12/2015 ALGARVE
O nível de incumprimento das empresas portuguesas continua a ser muito elevado, sendo o Algarve a região mais crítica, com um em cada três créditos mal parados

. E mais: o rácio de crédito vencido das sociedades não financeiras, que em setembro estava nos 31,3%, é quase o dobro da média nacional (16,5%). A segunda zona mais problemática é a Madeira, com 20,3%. Já os Açores estão no lado oposto, com 8,1%.

Segundo o Público, que se apoia em dados do Banco de Portugal (BdP), o Algarve tem uma economia muito baseada na construção e no imobiliário, bem como nos serviços ligados ao turismo, tendo começado a registar um aumento do crédito malparado nas empresas em 2007/2008, quando começou a crise financeira nos EUA. Em 2011, após a chegada da Troika, o cenário piorou, até porque os setores da construção e do imobiliário foram os que “mais sofreram” com a crise. E nesta altura que o Algarve, começa a divergir da média nacional.

Em 2012, por exemplo, o rácio de incumprimento das sociedades não financeiras da região algarvia sobe dos 11,6% para 18,6% enquanto a média nacional passa de 7% para 10,6%. Em setembro deste ano, o Algarve passou mesmo, pela primeira vez, a fasquia dos 30%. Nesse período, o rácio de crédito vencido do setor da construção fixou-se nos 31,5%.

Para Manuel Gonçalves, presidente regional da Associação de Empresas de Construção, Obras Públicas e Serviços (AECOPS), no início da crise, “muitas empresas vieram do norte e do centro do país trabalhar para o Algarve, procurando uma alternativa à falta de trabalho”. “Procuravam ganhar os concursos a qualquer preço, para se aguentarem. [A seguir, ato quase contínuo, chegaram os] incumprimentos em cadeia”, referiu, citado pela publicação.

De acordo com o responsável, os construtores “tiveram, em muitas situações, de entrar com bens pessoais para segurarem as empresas, e mesmo assim foram ficando pelo caminho”. Um cenário que agora mudou de figura, já que o mercado começa a dar “sinais de recuperação”, disse Manuel Gonçalves.

Por: Idealista