É natural de Loulé. Toca música eletrónica desde os 18 anos, altura em que comprou dois gira-discos e uma mesa de mistura, importados da Alemanha.
Agora, aos 33, Holldën – de seu nome verdadeiro Miguel Duarte – decidiu fundar a promotora Field Rhyme, plataforma através da qual promove o seu nome e o de outros talentos da região. E é nesse âmbito que surge o «Posto Avançado», podcast mensal que, segundo o próprio, tem como objetivo dar a conhecer a melhor música eletrónica da atualidade.
“Inicialmente era apenas um passatempo”, confessa. “Não tinha muitos ouvintes.” Mas tudo isso mudou quando, no início do ano, o programa foi eleito, em dois meses consecutivos, para figurar entre as melhores misturas selecionadas pelo site MixesDB.com.
“Acordei um dia e lá estava o meu nome, ao lado de lendas vivas como Louie Vega, Joseph Capriati ou Barem. Eu, um perfeito desconhecido...”
Diz o mesmo que, desde então, as coisas mudaram um pouco.
“Nota-se que há um grupo de pessoas que já procura deliberadamente o podcast”, explica. “Sobretudo, têm valor [as distinções] por serem fruto da escolha de editores e ouvintes de um site especializado. Assentam no mérito, não num golpe publicitário. Isso é muito gratificante.”
Depois, no passado mês de junho, uma das suas performances ao vivo foi selecionada pela 3ª vez como uma das melhores…Segundo o DJ, a diferença está na exigência. “Não me satisfaz replicar fórmulas de sucesso. Quero sempre melhorar. Cada programa, cada atuação, requerem um trabalho exaustivo de pesquisa e preparação. Não há aqui truques nem atalhos. Misturo ao vivo e mal tenho tempo para coçar a cabeça.”
Holldën – que também é produtor – refere-se ainda às dificuldades sentidas no início do projeto. “Ninguém acreditava em nós. Elogiavam o nosso trabalho, mas não nos contratavam.” Algo que, como o próprio confessa, não o incomodou muito na altura. “Paradoxalmente, não termos ‘padrinhos’ ou cunhas ajudou-nos a manter o nosso som sofisticado. Quem vai aos nossos espetáculos sabe ao que vai”, explica, acrescentando: “começamos a ganhar uma certa reputação pela qualidade.” Algo que, como explica, “está em grande escassez no sul do país.”
Sobre se prefere atuar a título individual ou organizar eventos com a sua promotora, responde que faz as duas coisas. Mas confessa que lhe dá um gozo particular a segunda hipótese. E isto porque “quando é um espetáculo Field Rhyme assumimos tudo – ou quase”, diz, entre risos, “mas também temos o controlo criativo das coisas. O que não faço é vender ao quilo. O talhante é que faz isso. A mim interessa-me tocar o que entendo, num quadro programático de dance music. Isso imprime uma marca muito própria aos nossos eventos.”
Para já, está apenas interessado em dar um passo de cada vez. Até porque, como gosta de frisar, o gosto próprio não salta etapas. “Vivemos num mundo em que todos se auto-proclamam deuses por procuração. O melhor que podemos ter são princípios e persistência. Depois é esperar.”
E quanto a espetáculos futuros? A resposta é perentória: “certamente, teremos novidades ainda antes do final do ano. Neste momento estou totalmente concentrado em produzir o meu disco e em lançar o meu website.”
Por VA