Pais consideram atitude de Gonçalo Amaral "estratégia dilatória"

19:40 - 16/06/2014 ATUALIDADE
O casal inglês McCann lamentou o cancelamento da sessão de hoje do julgamento, considerando que o ex-inspetor Gonçalo Amaral utilizou uma “estratégia dilatória" para adiar a audiência.

Em declarações aos jornalistas, o casal vincou tratar-se da quarta vez que o julgamento é adiado, sublinhando que esta situação lhes dificulta a vida já que vivem em Inglaterra, têm que se deslocar de propósito a Portugal e deixar os filhos gémeos entregues a uma pessoa.

"Estou, de facto, desesperado por estar aqui de novo", disse Gerry McCann, notando que a data da audiência de hoje tinha sido acordada com Gonçalo Amaral e que o processo arrasta-se há mais de cinco anos.

Apesar da considerar que o réu utilizou uma "estratégia" deliberada para adiar o julgamento, o casal inglês prometeu "regressar" a Portugal e "continuar a agir" no âmbito deste processo.

Em causa no julgamento está um pedido dos pais de Madeleine McCann de uma indemnização de 1,2 milhões de euros, por difamação, ao ex-inspetor da PJ.

Gonçalo Amaral apresentou um pedido para dispensar o seu advogado, tendo a juíza Emília Melo e Castro fixado um prazo de dez dias para que o réu contrate novo advogado. Na sessão de hoje foram marcadas novas audiências de julgamento para 08 e 10 de julho.

Gerry McCann, pai de Madeleine McCann - desaparecida no Algarve na noite de 03 de maio de 2007 –, voltou a dizer que voltará a Portugal sempre que for necessário.

Quanto à recente investigação realizada no Algarve pela polícia britânica em que não foram encontrados quaisquer indícios de Madeleine McCann, os pais da criança reiteraram que isso lhes reforça a esperança de que a filha ainda possa estar viva.

"Não temos evidências que Madeleine esteja morta. O que nós sabemos é que não há provas que Madeleine esteja morta", disse o pai da criança inglesa.

A advogada do casal, Isabel Duarte, reconheceu que o casal McCann ficou "agastado" com mais este adiamento, notando que se alguém revoga a procuração do advogado deve trazer um novo defensor à sessão anteriormente acordada com o tribunal.

As audiências do julgamento que devia ter sido retomado hoje encontravam-se suspensas desde outubro do ano passado, para que o casal McCann chegasse a acordo extrajudicial com Gonçalo Amaral.

Como não existiu um acordo, num caso que motivou já o pedido de arresto de bens a Gonçalo Amaral como medida cautelar, foi marcado o reatamento da sessão de hoje, que não se concretizou depois de Gonçalo Amaral ter revogado a procuração ao seu advogado Santos Oliveira.

A juíza Emília Melo e Castro considerou que na opção de adiar teve em conta o regime "mais justo, proporcional e adequado" de conceder ao réu prazo para constituir novo advogado.

Nesta ação, o casal McCann, que considera que foram violados direitos, liberdades e garantias da família, pede uma indemnização de 1,2 milhões de euros ao inspetor da PJ que investigou o desaparecimento de Madeleine, ocorrido a 03 de maio de 2007.

No livro "Maddie: A Verdade da Mentira", da autoria de Gonçalo Amaral, o ex-coordenador do Departamento de Investigação Criminal da Polícia Judiciária de Portimão defende o suposto envolvimento de Kate e Gerry McCann, no desaparecimento da criança e na ocultação de cadáver.

 

Por: Lusa