O Governo assinalou hoje o início do processo que vai levar o Aeroporto de Faro a chamar-se Aeroporto Gago Coutinho, mas avisa que essa mudança de nome pode ainda «levar várias semanas» para ser efetiva.

“A partir deste momento – e embora o processo envolva mais passos e possa demorar várias semanas a estar completo, incluindo a alteração de toda a sinalética na infraestrutura aeroportuária –, a nova designação Aeroporto Gago Coutinho poderá começar a ser usada na comunicação aeronáutica e na informação ao passageiro”, informou o Ministério das Infraestruturas e da Habitação.

Em comunicado, o gabinete do Ministério tutelado por Pedro Nuno Santos nota que o início do processo é feito no mesmo dia, 17 de junho, em que se cumprem 100 anos desde que “o pequeno hidroavião monomotor tripulado por Gago Coutinho e Sacadura Cabral concluía a primeira travessia Aérea do Atlântico Sul, a partir de Portugal”.

Na quarta-feira, foi aprovado em Conselho de Ministros que o Aeroporto Internacional de Faro vai passar a chamar-se Aeroporto Gago Coutinho em homenagem ao navegador e almirante nascido em São Brás de Alportel, no Algarve.

Depois da publicação da resolução do Conselho de Ministros, a ANA Aeroportos – o operador do aeroporto - deverá requerer junto da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) a alteração do nome da infraestrutura, prossegue o comunicado.

Uma vez emitida a autorização do regulador, a ANAC, este comunicará posteriormente à Navegação Aérea (NAV) a alteração do nome, para atualização da informação pública aeronáutica, explicado a nota do Ministério.

Com esta alteração, o Governo pretende prestar “homenagem ao almirante Gago Coutinho, natural de São Brás de Alportel, no distrito de Faro, quando se assinala o centenário da primeira travessia aérea do Atlântico Sul, uma das maiores proezas da história da navegação aérea”, disse o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, André Moz Caldas, em conferência de imprensa.

A proposta, aprovada em várias assembleias municipais de autarquias do Algarve, surgiu de um movimento de cidadãos que considerava que a estrutura, inaugurada em 1965, deveria ter o nome do almirante que, em 1922, em conjunto com o aviador Sacadura Cabral, fez a primeira travessia aérea do Atlântico Sul no hidroavião “Lusitânia”.

Em fevereiro de 2020, a Assembleia Municipal de São Brás de Alportel, de onde a família do antigo oficial da Marinha é natural, aprovou por unanimidade uma moção na defesa da atribuição do seu nome ao Aeroporto Internacional de Faro.

“Pretende-se prestar homenagem ao passado e perspetivar o futuro, com a atribuição ao equipamento de maior relevo para o turismo e para a abertura ao mundo da região algarvia, de um nome de patrono com raízes familiares que ascendem a terras algarvias e cujo mérito transcende as fronteiras do país para abraçar o mundo”, lê-se no documento.

A esta moção, dirigida ao primeiro-ministro, ministro das Infraestruturas e da Habitação e ao diretor do Aeroporto de Faro, seguiram-se outras de várias autarquias do Algarve.

Para a travessia, realizada há exatamente 100 anos, Gago Coutinho e Sacadura Cabral testaram um processo inovador para conhecerem a posição de uma aeronave no alto-mar, baseando-se nas técnicas de navegação astronómica usadas a bordo dos navios.

Para a observação da altura dos astros usaram o sextante, no entanto, para poderem observar os astros em situações em que a linha do horizonte não estivesse visível, Gago Coutinho adaptou um sistema de horizonte artificial a um sextante clássico, aparelho que viria a ser usado para a navegação aérea nas décadas seguintes.

Nascido em 1869, Carlos Viegas Gago Coutinho foi nomeado diretor honorário da Academia Naval portuguesa em 1926, e distinguido como piloto aviador, tendo-se retirado da vida militar em 1939.

Viria a morrer em 1959, tendo ficado conhecido internacionalmente pela primeira travessia aérea do Atlântico Sul, que ligou Lisboa ao Rio de Janeiro, no Brasil.

 

Por: Lusa