No centenário da Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul, um grupo de notáveis cidadãos algarvios das mais diversas proveniências políticas, sociais e profissionais retomou a iniciativa de atribuição do nome do Almirante Gago Coutinho ao Aeroporto Internacional de Faro, promovendo a divulgação e subscrição do documento «Gago Coutinho, o Aeroporto e o Algarve», apresentado em São Brás de Alportel, no passado dia 17 de fevereiro.

«Portugal conta com vários dos seus filhos que, por obras e feitos, deixaram o nome gravado a ouro na História da Humanidade, sobretudo na época áurea da expansão quinhentista, mas também através dos tempos.

Carlos Viegas Gago Coutinho – o almirante Gago Coutinho, Que em Faro e S.Brás tem a suas origens – foi sem dúvida um dos mais brilhantes de entre todos, ao produzir uma revolução na navegação aérea, alcançando a dimensão daqueles que descobriram as rotas dos oceanos, nos séculos XV e XVI.

A Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul, protagonizada por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, dois distintos oficiais de Marinha que no longínquo ano de 1922, quando a aviação dava os seus primeiros passos, e os homens ainda ensaiavam temerariamente a experiência de pôr a voar aparelhos que hoje consideramos primitivos, constitui um dos feitos de expressão maior nas conquistas da humanidade.

Eles ousaram atravessar os oceanos, sem ajudas, navegando com a certeza de alcançar o seu destino de forma autónoma, com base nos estudos e métodos que Gago Coutinho desenvolveu.

Usando a técnica e os instrumentos idealizados e aperfeiçoados por Gago Coutinho, os aviões passaram a poder alcançar qualquer destino que estivesse ao alcance das suas capacidades mecânicas e da sua autonomia em combustível. Foi Gago Coutinho o grande criador desta nova técnica e o obreiro de um futuro de viagens aéreas, inimaginável no princípio do século XX, que é hoje o nosso presente.

A relevância de heroico e civilizacional feito, encontra a sua máxima expressão ao ser pela UNESCO considerado Património da Humanidade, tendo como tal, a 27 de julho de 2011, inscrito o Relatório da 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul, no Registo da Memória do Mundo.

A agência especializada da ONU, afirma que a inclusão de tais documentos naquele registo reflete o seu valor excecional e significa que devem ser protegidos em benefício de toda a humanidade, além de oferecerem uma excelente oportunidade para chamar a atenção para a importância da memória coletiva e da sua salvaguarda. Em 2019, ano em que teve lugar a comemoração do 150º aniversário do nascimento do Almirante Gago Coutinho, a Assembleia Municipal de S. Brás de Alportel aprovou por unanimidade uma moção propondo ao Governo a atribuição do nome “Almirante Gago Coutinho” ao Aeroporto Internacional de Faro. Também a AMAL agendou esta temática para consideração pelos seus membros.

As limitações sanitárias que então surgiram, e a que estivemos sujeitos nos dois últimos anos, vieram condicionar as iniciativas, ditando o protelar da sua concretização. Agora, na ocasião em que se comemoram os 100 anos da Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul, uma vez libertos das peias sanitárias, entende-se dever ser reavivado o desígnio de homenagear o homem que abriu os céus ao mundo, retomando a iniciativa de propor a atribuição do nome “Almirante Gago Coutinho” ao Aeroporto Internacional de Faro.

Na divulgação de tal pretensão queremos realçar o apreço dos Algarvios pelo seu aeroporto, sendo notória a aspiração de o ver associado a tão relevante personalidade aeronáutica, oriunda da região.

Atribuir ao aeroporto de Faro o nome de “Aeroporto Almirante Gago Coutinho” seria uma forma de nos projetarmos no mundo, lembrando, o engenho e a capacidade criativa da gente portuguesa e o seu contributo para o desenvolvimento da humanidade.

Gago Coutinho ficou vinculado, de uma forma indelével, não só à Aviação Naval Portuguesa, que muito honrou, mas também à Aviação mundial, por virtude dos seus proficientes estudos e trabalhos sobre navegação aérea.

A par da Universidade do Algarve, o aeroporto constitui indubitavelmente a infraestrutura que aporta maiores valores, económicos e sociais ao Algarve. É pelo aeroporto, enquanto porta de entrada na região, que recebemos anualmente centenas de milhares de visitantes.

Afigura-se que nada será mais eficaz, como divulgador da imagem do Algarve, e do país, o podermos transmitir, a quem nos visita, uma mensagem simbólica de modernidade e das capacidades deste povo, valores personificados na personalidade aeronáutica, que tem as suas origens na nossa região - o Almirante Gago Coutinho.

Saldar-se-ia assim uma dívida histórica – homenageando para a posteridade um daqueles que por “feitos valorosos, se foram da lei da morte libertando”. E projetar-se-ia Faro e o Algarve, nesta aliança a um vulto de reconhecimento universal. Que se unam vontades, que se decida pelo progresso da Região e do País.»

Secundando a vontade dos representantes da terra natal dos seus antecessores e a determinação deste grupo de cidadãos, que aqui saudamos pela iniciativa que temos a honra de abraçar, que se unam vontades, que se decida pelo progresso do Algarve e de Portugal, recordando os feitos e honrando a memória de tão insigne e prestigiada personalidade e valorizando o nome da Região do ALGARVE.

 

Neste sentido, a Assembleia Municipal de Tavira, reunida em 29 de abril de 2022, delibera:

a) a) Recomendar ao Primeiro-Ministro e ao Governo que tomem as diligências necessárias, legais e regulamentares para designar o ALMIRANTE GAGO COUTINHO como patrono do Aeroporto Internacional de Faro, assumindo-se a designação de AEROPORTO INTERNACIONAL DE FARO – ALMIRANTE GAGO COUTINHO.

b) Enviar a presente moção, depois de aprovada, ao Primeiro-Ministro, ao Ministro das Infraestruturas e Habitação, ao Presidente da República, ao Presidente e aos Grupos Parlamentares da Assembleia da República, à Senhora Presidente da Câmara Municipal de Tavira, ao Presidente do Conselho Intermunicipal da AMAL e a todas as Assembleias e Câmaras Municipais do Algarve, à Presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) e ao Presidente do Conselho Regional da CCDR do Algarve, e divulgá-la pela comunicação social regional e nacional.

Por: Partido Socialista – Secção Concelhia de Tavira