A população do Monte Ruivo e Azinhal, duas localidades da freguesia de Alte, assistiu ontem à consignação e lançamento da empreitada da rede pública de abastecimento de água que vai beneficiar mais de 300 moradores.

“Esta é de certeza uma das obras, senão a obra mais importante em Alte na última década”. As palavras foram de António Martins, presidente da Junta, que sublinhou o valor deste equipamento para quem, no dia-dia, enfrenta todos os constrangimentos inerentes ao acesso à água através de fontanários públicos, furos ou poços. Mas são também os valores elevados pagos por quem encomenda um depósito de água aos bombeiros ou empresas, “na ordem dos 200 euros por mês” que deixarão de ser um problema para quem aqui vive. “A água é fundamental para o povoamento do interior, para a sua economia, e é fundamental para que as pessoas queiram vir para cá. É um dos fatores de desequilíbrio entre o interior e o litoral”, considerou António Martins.

Do lado do Município de Loulé, o autarca Vítor Aleixo lembrou o importante trabalho realizado ao longo dos anos no que respeita a este tipo de infraestruturas. “Já não temos muitos lugares no concelho de Loulé, com tantos habitantes, que precisem ainda de uma rede de distribuição de águas”, recordou. “A autarquia de Loulé tem-se esforçado nos últimos anos para dar resposta a esta necessidade básica e natural que se verifica no interior do território”.

O investimento da Câmara Municipal de Loulé nestas localidades, superior a 933 mil euros, pretende garantir o fornecimento de água potável em quantidade e com qualidade aos habitantes destas localidades. O abastecimento de água será assegurado pelo prolongamento das condutas existentes a nascente da área a intervir, sendo a proveniência da água o reservatório de Benafim.

A empreitada, com uma extensão superior a 16 quilómetros de condutas, decorrerá desde o ponto de ligação, a poente da localidade de Sobradinho, e incluirá as localidades de Cascabulho, Soalheira, Monte Ruivo, Azinhal, Sítio das Casas, Assumadas e Monte Curral. O prazo de execução estimado é de cerca de 1 ano.

Esta é mais uma obra que irá reforçar o trabalho realizado nos últimos anos pela Câmara Municipal de Loulé, no sentido de aumentar a rede pública de abastecimento de água em diversas zonas deste concelho que é o maior e mais populoso da região algarvia.

Mas nesta passagem pelo interior, marcado cada vez mais por uma alteração da paisagem, Vítor Aleixo alertou para os problemas inerentes ao proliferar da agricultura intensiva, com altos consumos hídricos, em particular num contexto de escassez de água. “A população tem que tomar consciência destes problemas e ajudar as autoridades públicas a regrar aquele tipo de atividade económica, de agricultura altamente consumidora de água. É que já não temos água para alimentar a agricultura que hoje existe”, reiterou.

Para além de alterações ao nível do PDM, Vítor Aleixo acredita que “a pressão pública e pressão política” também poderão ser decisivas nesta matéria.