O PSD e o PCP consideram que um eventual aumento do preço do fornecimento da água no Algarve, anunciado pelo ministro do Ambiente como contrapartida pelos investimentos públicos, «é inaceitável» e uma «provocação à região».

O possível aumento do preço da água no Algarve a partir de 2026 foi avançado na terça-feira por João Pedro Matos Fernandes, pela necessidade de manter o funcionamento de dois projetos que serão “um seguro” para garantir que não haverá menos água no Algarve nas próximas décadas.

A ligação de uma captação de água do Guadiana no Pomarão à barragem de Odeleite, orçada em 55 milhões de euros, e a dessalinização de água do mar, com um custo de 65 milhões, são dois projetos integrados no plano de eficiência hídrica para a região, cuja conclusão está prevista para 2026.

Os deputados sociais-democratas eleitos pelo círculo do Algarve, Ofélia Ramos, Rui Cristina e Cristóvão Norte, consideram que a medida constitui “uma provocação à região, já que consiste em aplicar aos algarvios uma lógica de custo-benefício que não é aplicada a mais nenhum projeto” do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Os parlamentares lamentam que, sendo o Algarve a região mais abalada pela crise [provocada pela covid-19], “beneficie apenas de 1,7% da ‘bazuca’, quando representa quase 5% da economia e da população nacional e, naquilo que beneficia, ainda tenha de o custear por via do aumento do preço da água”.

Por seu turno, o PCP classificou “como inaceitáveis” as declarações do ministro do Ambiente, ao justificar o aumento do preço da água “como contrapartida aos investimentos previstos no âmbito do PRR”.

“Era o que mais faltava que, perante um PRR que deixa de fora tantos e tantos investimentos que a região há muito reclama – como o Hospital Central do Algarve –, nos poucos investimentos considerados fosse ainda exigido à população o aumento do preço da água como contrapartida”, apontam os comunistas.

O PCP defende que, sendo a água um bem público essencial à vida, “não deverá ser gerida em função de um negócio, mas, sim, com uma gestão pública, criteriosa e eficiente”, sublinhando que os investimentos realizados no Algarve “não são uma benesse, nem uma dádiva do Governo ou de Bruxelas como alguns pretendem fazer crer”.

Além do ministro do Ambiente, também o presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), em declarações à agência Lusa na terça-feira, admitiu um aumento do preço do abastecimento que deverá ser aplicado em 2026.

Segundo António Pina, o aumento, “que não será significativo”, refletirá os custos operacionais com a manutenção do funcionamento das duas infraestruturas do plano de eficiência hídrica para o Algarve inserido no PRR e aplicado “em proporção do que cada um consome”.

 

Por: Lusa