Os empresários do Algarve não vão baixar os braços perante a crise. Acreditam no futuro da economia da Região. Irão resistir e continuar a lutar com todas as suas forças para retomar a dinâmica da sua atividade e das suas empresas.

Os empresários do Algarve sentem na própria pele a gravidade da situação provocada pela quebra brutal do principal setor económico da região - o turismo - com impacto não só no alojamento e na restauração, mas em muitos outros setores. Envolvendo milhares de empresas.

Conhecemos os factos. Quebra brutal de faturação, peso insuportável de custos fixos, situações financeiras difíceis. Empresas encerradas (muitas definitivamente). Desemprego crescente. Incerteza quanto ao futuro.

Enfrentar a situação. Pontos de partida obrigatórios.

Impõe-se desde logo uma abordagem inteligente, partindo de dados objetivos.

Não se trata de uma crise de um setor «volátil», nem ela é fruto de um «azar» que atingiu sobretudo as economias mais débeis.

Estamos perante uma crise global de um dos setores mais importantes da economia mundial (PIB, Receitas/Exportações, Emprego), liderado pelos países mais ricos e desenvolvidos do mundo, a começar pelos EUA. O que só prova a consistência económica de um setor com décadas de sucesso.

Em 2020 o turismo mundial sofreu uma quebra de cerca de 75%, atingindo todos os continentes: passou de 1400 milhões de turistas internacionais em 2019, para 400 milhões - uma quebra de mil milhões de turistas, metade dos quais na Europa, que passou de 700 para 200 milhões de turistas. É aqui que se enquadra Portugal e as suas quebras situam-se nos mesmos parâmetros.

Estas quebras não deviam surpreender, confirmam apenas um dos três cenários previstos em maio pela OMT (Organização Mundial de Turismo) e a que não se deu importância em Portugal. Estava sempre tudo «sob controlo».

O NERA esforçou-se por sensibilizar os empresários apelando à cautela tendo em conta precisamente esses cenários.

Certezas incontornáveis.

 

Primeira.  A retoma do turismo internacional vai mesmo acontecer. O seu ritmo e consistência, vão depender de vários fatores.

Segunda. Portugal (com o Algarve como principal destino) faz parte há várias décadas, de forma consolidada deste quadro global do turismo (ocupa o 16.º lugar a nível mundial nas chegadas de turistas estrangeiros e o 20.º nas receitas). O que é significativo.

Terceira. O Algarve tem todas as condições para continuar a acreditar na importância do Turismo, apesar das fortes quebras de 2020 e das incertezas da retoma. Possui uma oferta rica e diversificada, uma imagem consolidada, prestígio internacional. O turismo é não só o principal setor como é o setor estratégico, o motor, da economia do Algarve.

O Algarve está consciente de que não tem «turismo a mais», tem é «outros setores a menos», situação estrutural que importa alterar.

Condicionantes da retoma e recuperação do Turismo.

Não podemos ignorar que continuam a subsistir fatores de incerteza acerca da evolução da economia e do turismo mundial.

Os obstáculos incontornáveis à recuperação da dinâmica do turismo são claros e muitos não dependem de nós.

Há algum consenso (Organismos Internacionais, Companhias aéreas, Operadores turísticos, Cadeias hoteleiras) sobre as principais condicionantes da retoma e do seu ritmo, e os cenários que daí derivam. Sendo certo que ninguém aponta para uma recuperação rápida.

Principal preocupação: o controlo da Pandemia a nível internacional e em cada país.

Sem isso não há mobilidade. Não há viagens. Não há turismo. 

Tem dois níveis.

O controlo, travagem e eliminação dos surtos já existentes. A ação das vacinas, para travar a expansão do surto.

São visíveis os obstáculos: estratégias diferentes e descoordenação entre países, que surpreendem com medidas unilaterais.

Conclusão: não restam dúvidas de que os países e entidades responsáveis deveriam agir de forma coordenada para responder aos obstáculos e exigências referidas. Não o estão a fazer. Não fica assim garantido o controlo efetivo da situação.

 

Dois cenários de evolução possíveis:

Perante este quadro de incertezas que persistem, tendo em conta as avaliações e sensibilidades de várias entidades e atores económicos internacionais, podemos perspetivar duas hipóteses de retoma:

Hipótese um: uma retoma moderada (de valor incerto) do turismo a partir do 2.º semestre de 2021, com perspetiva de evolução positiva em 2022 e de atingir valores próximos de 2019, em 2023…

Hipótese dois: uma retoma ainda mais moderada resultante de um quadro de contexto de controlo ainda difícil da pandemia, com um processo de retoma mais lento em 2021 e 2022 e que se prolongue ainda por 2023, podendo atingir apenas em 2024, valores próximos de 2019.

Desafios para Portugal. 

Portugal para garantir um lugar de primeira linha neste processo tem de atingir níveis elevados de controlo da pandemia, não só no Algarve, mas em todo o país, que lhe garantam um estatuto e uma imagem de segurança sanitária dentro dos parâmetros exigidos internacionalmente.

O que exige a continuação da ação institucional para eliminar os focos existentes e um processo de vacinação enérgico e eficaz em todo o país.

Desafios para as empresas.

As Empresas não podem viver de promessas e ilusões.

No atual contexto – extremamente complexo e recheado de incertezas - no combate e controlo da pandemia a nível internacional e nacional, as empresas em Portugal e em particular no Algarve, vão ter de continuar a resistir para se manterem em vida e a lutar para acompanhar o processo de retoma na velocidade que as circunstâncias exigirem.

Devem procurar melhorar a sua saúde financeira e operacional utilizando para isso as medidas de apoio disponibilizadas pelo governo.

Devem procurar melhorar a estrutura funcional das suas empresas, e consolidar o emprego, manter e renovar a qualidade dos seus produtos e da sua oferta para responder aos novos desafios da concorrência internacional.

Os Empresários do Algarve não vão baixar os braços. Vão continuar a lutar!

 

Vítor Neto

Presidente da Direção do NERA

 

Loulé, 22 de fevereiro de 2021