Decorreu no passado dia 7 de maio no Centro Autárquico de Quarteira o Fórum da Água, organizado pelo Bloco de Esquerda Algarve com a participação de reconhecidos cientistas da região e de elementos de envolvidos na atividade cívica de associações focadas na problemática da água.

Embora a região tenha um clima caracterizado por uma alternância cíclica de anos secos e anos de grande precipitação, verifica-se uma tendência para o aumento dos anos secos e diminuição global dos níveis de precipitação. É preocupante a situação das reservas de água existentes. As albufeiras estão, na generalidade, abaixo do nível necessário para suportar as necessidades até setembro e os aquíferos estão em nível crítico e deles depende muita da agricultura.

As soluções passam, por implementar formas de poupança, seja ao nível da educação para um consumo doméstico consciente, embora os concelhos mais gastadores sejam aqueles em que há maior concentração de turismo.

As perdas de água, real e não faturada, em Municípios e perímetros de rega, estão estimadas em cerca de 50%, que estão a ser pagas pelos contribuintes. Alguns bons exemplos mostram que uma gestão competente e responsável permite alterar estas situações. Parte deste problema está também associado a um deficiente ordenamento do território, nomeadamente, no que respeita à proliferação de piscinas, arranjos paisagísticos inadequados e a uma pouco informada gestão do ciclo urbano da água.

Parte significativa dos consumos da agricultura provêm de furos particulares, muitos sem autorização, que retiram água dos aquíferos públicos sem controlo. O princípio do utilizador/pagador recomenda investir na monitorização da água consumida e na modernização tecnológica dos processos de rega, o que poderá reduzir significativamente os cerca de 60% dos consumos agrícolas.

A reutilização das águas residuais tratadas, permitiria reaproveitar 50hm3/ano, correspondendo a cerca 20% da água consumida. Acresce que estas águas ao serem lançadas nos meios naturais, constituem um problema ambiental ao poluírem ribeiras e aquíferos, prejudicam a qualidade das reservas de água. Pelo contrário, quando utilizadas na rega, enriquecem de nutrientes os solos.

O investimento em soluções para aumentar a recarga dos aquíferos poderá contribuir para mitigar o estado em que ciclicamente se encontram.

A dessalinização é uma alternativa tecnicamente possível se baseada na energia fotovoltaica, mas importa apreciar a dimensão do campo de painéis solares necessários para a suportar e, sobretudo, a solução tecnológica a dar à salmoura resultante. As experiências de dessalinização apontam para contextos de absoluta falta de água. Na região já existem casos, associados a iniciativas hoteleiras, sendo, portanto, integradas nos seus próprios custos de fatores de produção. 

Em qualquer caso, a produção deve ser pública e não poderá onerar o custo da água para consumo público. Os 45 milhões de € previstos para o projeto de dessalinização para cerca de 30 mil pessoas são equivalentes, ou mesmo superiores, às soluções de poupança referidas. 

Também, a transferência de água do Pomarão, contribuiria para complementar o enchimento da albufeira de Odeleite, no entanto a negociação com Espanha e os custos não contabilizados, levam a que esta solução deva ser considerada no médio e longo prazo, na opinião do PREHA.

 

O Bloco de Esquerda manifesta a firme intenção de lutar pela implementação das medidas necessárias conseguir a curto prazo a tranquilidade hídrica no Algarve, de forma a não voltarem a acontecer as graves situações de escassez de água que ciclicamente ocorrem.

 

A Comissão Coordenadora Distrital do Bloco de Esquerda/Algarve