Foi ontem, dia 23 de julho, inaugurada a exposição realizada pelos 10 jovens criativos europeus que terminam, em Loulé, a sua participação no programa Summer School da Michelangelo Foundation, este ano subordinado à temática «Metal in Loulé».

O programa promove a transmissão de conhecimentos entre gerações. O curso deste ano, realizado nas oficinas da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, em Lisboa, e nas oficinas do espaço Loulé Criativo, permitiu aos alunos experimentarem técnicas ancestrais no âmbito do metal em Portugal, sob a orientação de mestres artesãos, promovendo uma troca criativa entre as perspetivas de design mais recentes e o saber fazer tradicional.

Atenta ao futuro das atividades artesanais, “esta é uma iniciativa educativa que a Michelangelo Foundation lançou em 2019 […] e a ideia foi criar mais um programa Summer School – que o ano passado foi adiado – e, portanto, fizemos estas duas semanas”, explicou Nicole Segundo.

Os dez alunos participantes foram selecionados na sequência de um concurso aberto, que recebeu um elevado número de candidaturas. O grupo final vem de nove países europeus: Bélgica, Bulgária, França, Itália, Letónia, Polónia, Portugal, Eslováquia e Espanha. Os primeiros dois dias do curso decorreram nas oficinas da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva, em Lisboa, descobrindo as três técnicas de fundição e latoaria. Os alunos viajaram depois para o espaço do Loulé Criativo no Palácio Gama Lobo, para explorar as técnicas da filigrana, cobre martelado, cinzelagem e trabalhos em metal. Nesta última semana, os alunos tiveram a oportunidade de especializar-se numa técnica específica e, depois, de realizar um trabalho em conjunto para dar vida a novos objetos.

O facto de eles virem de sítios diferentes proporciona aos alunos uma visão diferente de como o outro trabalha. “Há pessoas que estão no âmbito da joelharia, outros os metais, outros são arquitetos, outros designers industriais, portanto, não só a nível de nacionalidade que temos diversidade, mas também de background (bagagem)”, acrescentou a coordenadora da Michelangelo Foundation.

A técnica de cinzelagem foi ensinada por Beatriz Canha, o trabalho em metal por Luis Figueiredo, a latoaria por Ivo Ferreira, o cobre martelado por Analide Carmo, Jürgen Cramer e José Luís, e a filigrana por Conceição Neves. Os supervisores do processo foram os mentores de design Henrique Ralheta e Fatima Durkee, com o designer convidado Sam Baron. O curso ofereceu uma oportunidade inestimável para uma geração mais jovem descobrir e aprender técnicas ancestrais, proporcionando simultaneamente a possibilidade de os mestres artesãos conhecerem novas visões, perspetivas e ideias de design. Esta troca criativa e colaborativa ocorreu através da criação de objetos em conjunto, produzidos pelos alunos e os mestres artesãos, feitos à mão, com os seguintes temas em mente: tempo, valor, resiliência e sustentabilidade material.

O curso deste ano nasceu de uma parceria da Michelangelo Foundation, com a Câmara Municipal de Loulé, a Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva e a Passa Ao Futuro, com o apoio da Altermind.

O programa Summer School é uma das iniciativas educacionais da Fundação Michelangelo, que visa financiar e envolver uma geração de jovens criativos com talento, criando oportunidades para estudar ofícios tradicionais muitas vezes em perigo de extinção por não estarem incluídas na formação do ensino regular. Ao identificar áreas de necessidade, o impacto é profundo: alargando os horizontes de designers e artesãos emergentes, assegurando a transmissão vital de competências técnicas e introduzindo inovação nas atividades de ofícios tradicionais através de encontros colaborativos. Esta abordagem circular destina-se a impulsionar a mudança, dando novo fôlego a estas atividades ancestrais e inspirando a próxima geração de criadores e designers a concretizarem o seu potencial como futuros participantes nos projetos da fundação e como precursores nas suas respetivas áreas.

A Michelangelo Foundation for Creativity and Craftsmanship assim como a Câmara Municipal de Loulé acreditam num futuro que valoriza a mestria artesanal e coloca a mão humana no centro da produção.

Recorde-se que, desde 2015, a Câmara Municipal é responsável pelo projeto Loulé Criativo. Com o objetivo de conjugar o conhecimento sobre artesanato tradicional com a inovação através de processos de produção e design de produtos com vista a impulsionar a economia local e inspirar mudanças internacionais, o projeto foca-se em quatro iniciativas principais: turismo criativo, transmissão de conhecimento, formação e uma rede de oficinas e o Loulé Design Lab utilizado para residências criativas.

Por: Filipe Vilhena/ CM de Loulé