Bruno Rodrigues e João Ministro
ENTREVISTA | BEQ – Barra Energética de Querença, um projeto que levará Querença além-fronteiras

10:11 - 23/04/2015 LOULÉ
Criado em 2011, o Projecto Querença tem como objetivo a dinamização do interior do País, contribuindo para o aproveitamento dos seus recursos. Com sede em Querença, esta iniciativa desenvolve várias ideias com o objetivo de as tornar sustentáveis e economicamente viáveis. A BEQ – Barra Energética de Querença é uma dessas ideias, recentemente apresentada ao público, e que pretende levar o produto algarvio e o nome de Querença mais longe. Natural de Loulé, João Ministro, 40 anos, Licenciado em E

 

A Voz do Algarve – Como surgiu o Projecto Querença?

João Ministro – O Projecto Querença começou, numa primeira fase, no âmbito de uma parceria entre a ProActiveTur, a Fundação Manuel Viegas Guerreiro, a Universidade do Algarve, a Câmara Municipal de Loulé e a Junta de Freguesia de Querença, e o objetivo foi, desde o início, dinamizar o território através de uma equipa de jovens com ideias empreendedoras. Nesta nova fase mudámos um pouco o modelo do projeto, de forma a optimiza-lo e a poupar algum tempo, mas os objetivos mantêm-se. Começámos com 3 jovens aos quais se foram juntando algumas pessoas, uma vez que o Projecto vai atraindo pessoas que se vão associando. Neste momento temos jovens a trabalhar na área da agricultura, do Desporto, da engenharia alimentar e do turística cultural. Além destes, vamos também apoiando as ideias que ficaram da fase anterior.

 

V.A. – O algarve é rico em freguesias do interior. O que levou à escolha da freguesia de Querença para este projeto?

J.M. – Boa pergunta… Para começar, eu já conhecia o território e algumas pessoas de Querença, o que de certa forma facilitou muito a implementação do projeto. Depois a sua localização, suficientemente próxima de Loulé, e a existência de infraestruturas disponíveis. Mas, sobretudo, porque Querença é um território muito rico no ponto de vista dos recursos, que infelizmente estão subaproveitados, mas que estão disponíveis para ser trabalhados.

 

V.A. – O que significa este projeto para Querença? Que mais-valias traz para a freguesia?

J.M. – O que queremos é fixar pessoas, mas isso é algo demorado, que só se consegue a longo prazo. Até porque ainda há questões relacionadas com o alojamento e com a empregabilidade que estamos a tentar resolver. Só conjugando estas duas coisas é que conseguimos fixar pessoas. O Projecto Querença está, neste momento, com cerca de dois anos e meio, uma vez que 2013 foi um ano zero, durante o qual tiveram de ser resolvidas várias questões institucionais. Ainda é um projeto muito jovem... mas já conseguimos algumas coisas, desenvolvemos duas empresas e algumas iniciativas que foram agarradas pela comunidade que lhes tem dado continuidade, como o Mercado de Querença, por exemplo. 

Neste momento estamos a criar novas ideias que pensamos viáveis e que acreditamos que poderão trazer algum retorno, tanto para as pessoas que estão a dinamizá-las, como para a comunidade. Além disso, a visibilidade que este projeto tem dado a Querença é bastante significativa. Todos os anos temos pessoas que vêm de vários países para conhecer o trabalho que está a ser feito em Querença. Temos pedidos de colaborações de outras universidades do País, temos convites para falar do Projecto Querença em Seminários… tudo isto trouxe alguma notoriedade para a freguesia.

 

V.A. – No contacto com a população sente o reconhecimento por esse trabalho?

J.M. – Sim, temos uma relação muito boa com as pessoas de Querença e as pessoas são muito prestáveis, ajudando-nos bastante sempre que é preciso alguma coisa. Acima de tudo as pessoas percebem que estamos a tentar fazer alguma coisa pela freguesia, mesmo que lentamente. Porque, verdade seja dita, os nossos recursos não são assim tantos para chegar e fazer logo alguma coisa bastante visível… Mas acho que sim, as pessoas reconhecem e percebem o que estamos a fazer quando veem um evento a decorrer ou ouvem falar do que fazemos, como aconteceu com a BEQ (Barra Energética de Querença), ou qualquer outra coisa a que o nome de Querença esteja associado.

 

V.A. – A barra de cereais BEQ é um dos resultados do Projecto Querença de que mais se tem falado recentemente. Como surgiu esta ideia de criar uma barra de cereais?

J.M. – Em 2011, quando o Projecto começou, uma jovem que estava connosco descobriu esta ideia na Universidade do Algarve. A ideia terá sido desenvolvida por alguns alunos de Engenharia Alimentar enquanto projeto de final de curso, mas entretanto ficou na prateleira. Esta jovem decidiu pegar nela e desenvolver a barra. Em 2012, no final da primeira fase do projeto, fizemos os testes e as pessoas gostaram, mas a fórmula ainda não estava bem apurada para passar do laboratório para a produção. Entretanto o Romilson, que é engenheiro alimentar, trabalhou no sentido de melhorar a barra energética e neste momento temos uma fórmula muito melhor, que já foi testada numa fábrica.

 

V.A. – É mesmo totalmente feita apenas com produtos do Algarve?

J.M. – Sim, é totalmente feita com produtos do Algarve, e, sobretudo os principais: o figo, a amêndoa, o mel e a alfarroba, fazemos questão que sejam produtos do barrocal algarvio.

 

V.A. – Para quando a comercialização da BEQ? Onde se poderá encontrar a BEQ à venda?

J.M. – Neste momento estamos a afinar a máquina para que não hajam falhas. Quanto ao resto, já apresentámos a BEQ publicamente, já definimos logotipo, registámos o nome, e já começamos a receber pedidos de encomendas. Só falta começar a comercialização, que estará para breve. Inicialmente, iremos apostar na venda da BEQ nos eventos desportivos, mas mais tarde a ambição é que possamos vender em todo o Algarve e lá fora também. A longo prazo queremos conseguir a sua exportação.

 

V.A. – O Projecto Querença desenvolve várias ideias em simultâneo, no entanto referiu que não tem as ferramentas necessárias para fazer um trabalho mais imediato. Sentem falta de apoios?

J.M. – O Projecto Querença neste momento decorre praticamente sem apoios. Temos apenas o apoio do IEFP e, na parte logística, da Câmara Municipal de Loulé e da Junta de Freguesia de Querença. Nós gostávamos, obviamente, de poder fazer mais coisas, mas é importante lembrar que este é um projeto sem fins lucrativos. O que queremos

é que estas ideias se implementem. E portanto, para isso, ter o apoio de outras entidades que nos ajudem a levar adiante estas ações é sempre importante. Quando digo apoios, falo de parcerias/colaborações, financeiras, logísticas, ou noutro molde qualquer. Nos eventos desportivos, por exemplo, precisamos de apoio ao nível de suplementos, camisolas, água…tudo isso faz falta. Temos, por exemplo, como parceiro o CRIA que nos apoia na parte dos planos de negócios. Desde que as pessoas se sintam, de alguma forma, interessadas pelo Projecto Querença, há sempre forma de se envolverem.

 


Bruno Rodrigues, 33 anos, formado em Geologia, é um dos jovens envolvidos no Projecto Querença, na vertente desportiva. Praticante de corridas em trilhos e ultramaratonas, é um dos dirigentes da Associação Trail Running do Algarve, sediada em querença, fruto do Projeto Querença.

Bruno foi um dos primeiros a experimentar a BEQ – Barra Energética de Querença e considera que esta é não só um bom Snack, mas também, bastante positiva para o fornecimento de energia para atletas. “Um praticamente de desporto precisa de energia durante a prática desportiva. Precisamos de açúcar de absorção rápida e de absorção lenta, precisamos de fibra, e esta barra, alem de ter tudo isso, tem também sódio, por conter flor de sal, que permite repor os sais perdidos durante o exercício. Com esta barra conseguimos obter todos esses elementos essenciais de uma forma saudável.”

A BEQ estará no Festival de Caminhadas do Ameixial, que se realiza este fim-semana (24 a 26 de abril).

 

 

Outros projetos em desenvolvimento no Projeto Querença

- Turismo Cultural – Rota do Cal e do Barro – promoção de experiências relacionadas com as tradições da cal e do barro, típicos do Barrocal Algarvio;

- Desporto - 2.ª Edição do Ultratrilhos da Rocha da Pena (15 agosto) , prova com 55 kms, que percorre o interior do Concelho de Loulé; no âmbito da promoção de atividades desportivas no interior;

- Agricultura – Criação de cabazes com produtos produzidos nos terrenos recuperados de Querença

- Engenharia Alimentar – Aproveitamento da azeitona dando-lhe um novo uso, através do seu bagaço.  

 

 

Por Verónica Chapuça