As dormidas na hotelaria (54,6% do total) diminuíram 98,1% e nos estabelecimentos de alojamento local (peso de 40,4% do total) caíram 91,4%.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) veio confirmar uma expressão “praticamente nula” da atividade turística em abril de 2020, com os hóspedes em alojamento turístico a diminuírem 97,4% e as dormidas 97%, em termos homólogos, devido à pandemia da Covid-19. As dormidas de residentes recuaram 93,0% (-58,1% em março) e as de não residentes caíram 98,6% (-58,9% no mês anterior). A atividade de Alojamento Local é, de resto, uma das que mais está a sentir os efeitos da crise sanitária, e continua a perder imóveis: houve quase 1.500 desistências desde o início do ano.

Na nota divulgada esta terça-feira, 17 de junho de 2020, o INE lembra que a informação do destaque, respeitante a abril, “reflete efeitos da pandemia Covid-19, quer no comportamento da atividade turística, quer na quantidade de informação primária disponível para a compilação dos resultados apresentados”. Os dados do inquérito apontam para quebras históricas ao nível de hóspedes e dormidas. Em abril de 2020, o setor do alojamento turístico registou 60,1 mil hóspedes e 175,5 mil dormidas, refletindo-se em quedas de 97,4% e 97,0%, respetivamente.

“O perfil dos poucos turistas que pernoitaram nos estabelecimentos de alojamento turístico neste mês foi diferente do habitual, tendo sido reportadas ao INE diversas situações, como por exemplo de hóspedes que ficaram retidos em Portugal sem possibilidade de regressarem ao seu país de residência, ou de pessoas que, por motivos profissionais, tiveram de se deslocar no país e pernoitar fora do seu local de residência”, frisa ainda o destaque.

Em abril, no contexto do estado de emergência, cerca de 83,1% dos estabelecimentos de alojamento turístico estiveram encerrados ou não registaram movimento de hóspedes. As dormidas na hotelaria (54,6% do total) diminuíram 98,1%, as dormidas nos estabelecimentos de alojamento local (peso de 40,4% do total) decresceram 91,4% e as de turismo no espaço rural e de habitação (quota de 5,0%) recuaram 94,2%. As dormidas em hostels registaram uma diminuição de 92,7% em abril, representando 19,9% das dormidas em alojamento local e 8,0% do total de dormidas nos estabelecimentos de alojamento turístico.

Dormidas de residentes e de não residentes com quebras “muito acentuadas”

Em abril, o mercado interno (peso de 66,7%) contribuiu com 117 mil dormidas, o que representou um decréscimo de 93,0% (-58,1% em março). As dormidas dos mercados externos diminuíram 98,6% (-58,9% no mês anterior) e atingiram as 58,5 mil. No conjunto dos primeiros quatro meses do ano, verificou-se uma diminuição de 45,8% das dormidas totais, resultante de variações de -39,0% nos residentes e de -48,7% nos não residentes.

Desde o início do ano, todos os principais mercados registaram decréscimos, com maior enfoque nos mercados irlandês (-62,8%), suíço (-58,7%), belga (-57,9%), e francês (-55,7%). Os mercados canadiano (-29,5%) e brasileiro (-34,3%) foram, entre os principais, os que registaram as menores quedas.

Alojamento Local perde nove imóveis por dia

Desde o início do ano, 1.432 os imóveis de AL cessaram atividade, o equivalente a nove desistências por dia, segundo dados do Turismo de Portugal, citados pelo ECO. Ao todo foram menos 392 imóveis em janeiro, menos 308 em fevereiro, menos 208 em março, menos 229 em abril, menos 198 em maio e menos 97 nas primeiras duas semanas de junho.

Não se sabe ainda que destino será dados a estes imóveis, mas o Governo já veio garantir apoio aos programas de alojamento de emergência, como a conversão de AL em arrendamento acessível de longa duração, que já está em curso em Lisboa e no Porto. Na capital trata-se do Programa Renda Segura e, na Invicta, o Porto Com Sentido. 

Turistas estrangeiros começam a chegar em agosto

Os turistas estrangeiros deverão começar a chegar a Portugal a partir de agosto. Ainda assim, espera-se que a retoma seja lenta e gradual, suportada num primeira fase pelos europeus. O Turismo de Portugal recolheu os dados de reservas de passagens aéreas feitas pelos principais mercados emissores de Portugal, para os próximos meses, e apesar de a maioria dos países europeus ter começado a levantar as restrições à circulação internacional de passageiros, o efeito da medida não será imediato.

Segundo o Turismo de Portugal, citados pelo Negócios, na Alemanha, a quebra no número de reservas de voos para Portugal em agosto é de apenas 45,4% em relação ao ano passado, e nos Países Baixos e na Bélgica, as quedas ficam pelos 50%. Já em França e na Suíça sobe para a os 60% e, no Reino Unido, principal mercado emissor do turismo português, a queda é de 71,6% em agosto.

 

Por: Idealista