No dia 14 de fevereiro, no salão nobre da câmara municipal de Alcoutim, os municípios de Alcoutim e de Sanlúcar de Guadiana levaram a cabo as Jornadas do Contrabando e Memórias de Fronteira,

nesta quarta edição o tema foi alargado às memórias de fronteira, ao património intangível e imaterial, mas também aos estudos do património rural e edificado.

Entre as ideias debatidas estiveram o reconhecimento e a valorização de uma identidade local, fortemente marcada pelas ligações fronteiriças.

 As necessidades locais, agravadas pelos acontecimentos bélicos da primeira metade do séc. XX, fizeram disparar as ações de contrabando.

Esta atividade constituiu-se como um forte contributo para a sobrevivência e manutenção das populações.

 Estes são dados históricos inegáveis.

 O contrabando tradicional criou uma rede de contatos e relações familiares ligando ambas as margens do Guadiana, situação que se pretende valorizar, nos nossos dias, numa perspetiva de promoção turística do território.

No início dos trabalhos foi apresentado o documentário «220 m de Guadiana», por Paulo Vinhas Moreira, «Atores e episódios de uma serra de variadas ruralidades na primeira metade do século XX», por Miguel Rego, seguindo-se «Apresentação do Festival do Contrabando», por Júlio Cardoso.

No decorrer do dia foi a vez de «Bandoleros y Contrabandistas en la Sierra de la Contienda», por António Rodríguez Guillén, «Fome, Guerra e Epidemia na Zona Transfronteiriça do Guadiana Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).

 O caso de Alcoutim», por Joaquim Vieira Rodrigues, «Modos de vida no interior serrano algarvio e a dieta mediterrânica», por Jorge Queiroz, «A arquitetura tradicional do Baixo Guadiana da orla do rio às achadas de Alcoutim», por Miguel Reimão Costa.

No fim assistiu-se ao Documentário: «Contrabando no Baixo Guadiana».

As jornadas este ano realizaram-se um mês e meio antes do Festival do Contrabando e serviram de lançamento do programa do evento, tendo-se realizado nesse dia o espetáculo de Lançamento do Festival do Contrabando «Evaristo, Um Clássico nunca Visto», pela Companhia Profissional de Teatro de Improviso Instantâneos, no Espaço Guadiana, na vila de Alcoutim, apresentando uma novela teatral que levou o público numa viagem aos anos 30 e 40 do século XX, tendo como base estórias de vida alcoutenejas, contadas pelo público presente.

O Festival do Contrabando é mais que um Festival, é a junção e fusão da homenagem a uma atividade que ao longo da história foi importante para as gentes da fronteira, com as artes e a cultura.

Nos dias 27, 28 e 29 de março apresenta a todos os visitantes, um mercado de época, gastronomia local, desfiles etnográficos, teatro de rua, bandas de música de rua, oficinas de artesanato e muita mais animação, tendo como grande atrativo a Ponte Pedonal Transfronteiriça Alcoutim - Sanlúcar de Guadiana, disponibilizando a experiência pioneira de caminhar sobre o Rio Guadiana e transpor a fronteira de forma original e única, um sonho antigo das duas vilas.

 

Por: CM Alcoutim