O abastecimento de combustível ao Aeroporto de Faro a partir da estação ferroviária de Loulé estava hoje de manhã a ser garantido pelos serviços mínimos, com o transporte das cisternas por seis camiões.

Não fosse a escolta por veículos da GNR, até poderia ser encarado como um dia normal na estação ferroviária de Loulé, que serve de base logística para o abastecimento de combustível para os aviões estacionados no Aeroporto de Faro, como constatou a Lusa no local.

O piquete de grave mantêm-se no local desde o início da paralisação e garante que tudo está a funcionar normalmente e a “serem garantidos os serviços mínimos”, afirmou à Lusa o coordenador do piquete.

No primeiro dia de greve, na segunda-feira, os motoristas garantiram o primeiro turno da manhã, não tendo havido transporte de contentores para o Aeroporto durante o resto do dia, pelo que se aguarda o que poderá acontecer na tarde de hoje, já que foi decretada a requisição civil por parte do Governo.

Diariamente chega a Loulé um comboio com 28 tanques cisterna, normalmente de madrugada, mas hoje passava pouco depois das 10:00 – com mais de oito horas de atraso – quando 15 carruagens transportavam um reforço de 30 tanques, prontos a serem colocados nos atrelados para transporte, garantindo a reposição do “stock” de combustível.

A saída dos camiões é feita em dupla, sempre com a escolta de um carro da GNR, e muitas vezes assinalada com algumas buzinadelas, a saudar o piquete.

Nas conversas nos dois cafés junto à estação, que habitualmente servem viajantes e residentes, as conversas passam também pela paralisação dos motoristas de transporte de matérias perigosas e mercadorias, onde se ouve: “já não deve durar muito tempo”.

Na estrada, a circulação é feita, em marcha lenta – pouco mais de 60 km/h – pela Estrada Nacional 125, com alguns automobilistas a buzinarem aos camiões, num ato assumido como um cumprimento e prontamente devolvido.

Uma vez mais cumprem o mais que repetido trajeto de 18 quilómetros, entre a estação de Loulé e o Aeroporto de Faro. Tudo aparentemente normal, não fosse a escolta da GNR e o papel no vidro da frente onde se lê: "serviços mínimos".

Ao fim do primeiro dia de greve de motoristas, o Governo decretou a requisição civil, alegando o incumprimento dos serviços mínimos, particularmente no turno da tarde.

A portaria que efetiva "de forma gradual e faseada" a requisição civil dos motoristas em greve visa assegurar o abastecimento da Rede de Emergência, aeroportos, postos servidos pela refinaria de Sines e unidades autónomas de gás natural.

Outra portaria estabelece que os militares das Forças Armadas podem substituir "parcial ou totalmente" os motoristas em greve e a sua intervenção abrange operações de carga e descarga de veículos-cisterna de combustíveis líquidos, GPL e gás natural.

A greve que começou na segunda-feira, por tempo indeterminado, foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

 

Por: Lusa