Todas as regiões do país, todas as atividades, setores económicos e estruturas sociais, vão ser afetados pelas consequências da greve dos motoristas de matérias perigosas e dos motoristas de mercadorias.

O NERA - Associação Empresarial da Região do Algarve tem atuado no sentido de sensibilizar os responsáveis institucionais para a situação, mas continua preocupado.

As medidas já perspetivadas pelas entidades oficiais para controlar e minimizar as consequências da greve, com o justo objetivo de garantir os serviços essenciais em setores sensíveis – aeroportos, hospitais, serviços de emergência, etc., são sem dúvida indispensáveis e indiscutíveis. 

Mas outras medidas anunciadas parecem ignorar realidades especificas como o Algarve. 

Levantam sérias dúvidas desde logo as listas da Rede Estratégica de Postos de Abastecimento, que define 48 postos no distrito de Lisboa, 41 no do Porto, 28 no de Setúbal e 23 nos distritos de Aveiro e de Leiria. 

No Algarve são apenas 22. Os empresários do Algarve não entendem.

Parece não se ter tido em conta a especificidade da complexa realidade económica da Região e em especial o período: meados de agosto, em pleno pico da época turística. Nem a importância do turismo na economia nacional e o contributo decisivo do Algarve.

Além de que quando se fala de «turismo» não se trata só de «hotéis» e «restaurantes». Mas sim de um universo económico bem mais complexo que os empresários do Algarve, dos mais variados setores, percorrem todos os dias.

Algarve. Agosto. Um caso à parte.

No caso concreto do ALGARVE há aspetos específicos importantes que deveriam ser tidos em conta, começando por ter consciência que, para além de cerca de meio milhão de residentes habituais, nele se concentram centenas de milhares de estrangeiros e de cidadãos nacionais provenientes de todas as regiões do país, que nesse período, até veem diminuir o seu número de residentes.

Primeiro problema do Algarve: as acessibilidades/mobilidade/circulação de PESSOAS, que não se limita apenas a uma ou duas cidades, mas a uma região inteira.

Situações específicas a ter em conta.

  1. No Aeroporto de Faro desembarcam cerca de 600.000 passageiros em agosto.

Para além de ter de garantir combustível para a saída de aviões, precisa de garantir combustível para transportar os passageiros desembarcados para as dezenas de unidades hoteleiras do Algarve onde vão alojar.

E uns dias depois precisa de garantir combustível para os transportar de novo ao Aeroporto para o regresso aos seus países. Veículos dos hotéis, autocarros turísticos, táxis, carros alugados. São deslocações que não podem ser adiadas...

  1. Esses turistas que desembarcaram no Aeroporto não o fizeram para ficar fechados nos hotéis: pretendem deslocar-se pela região durante a estadia. Necessitam de garantia de combustível para o transporte porque optaram.

  2. As centenas de milhares de turistas nacionais que se deslocam ao Algarve e por ele circulam com veículo próprio, têm a mesma necessidade de garantia de combustível. 

O «conselho» para evitarem «deslocações desnecessárias» não se adequa aos turistas.

Evidência: são certamente insuficientes os 22 Postos de Abastecimento anunciados para o Algarve. 

Segundo problema do Algarve: Impacto na atividade económica e nas Empresas. Abastecimento. Circulação de Bens.

O Algarve tem um problema sensível: como garantir o abastecimento de produtos alimentares, produtos frescos e congelados, águas e bebidas, as produções da região (da terra e do mar), etc., a muitas centenas de milhares de pessoas que, para além dos residentes permanentes, se deslocam ao Algarve, nomeadamente, Turistas nacionais e Turistas estrangeiros que se instalam em unidades hoteleiras e que pretendem também frequentar Restaurantes, viver a «noite» e participar em eventos?

Para além da receção de mercadorias transportadas de outras regiões (que constituem grande parte dos bens consumidos), existe um problema de abastecimento regular aos hotéis, aos restaurantes, aos bares, às esplanadas, aos supermercados, aos eventos. 

Essa atividade de distribuição é desenvolvida em larga medida por dezenas de empresas da região, que necessitam de combustível diariamente para responder com regularidade aos clientes que em geral têm stocks baixos, até por escasso espaço de armazenagem. São poucas as empresas da Região que têm reserva autónoma de combustíveis.

Evidência: são certamente insuficientes os 22 Postos de Abastecimento anunciados para o Algarve. 

Terceiro problema do Algarve: Segurança. 

Tendo em conta situações de greves anteriores – importa garantir com segurança a circulação de viaturas de empresas não abrangidas pelo pré-aviso de greve, atendendo a que em situações anteriores houve tentativas de impedir a circulação de viaturas de empresas que transportam produtos para a região, ou que distribuíam dentro da região.

O NERA CONSIDERA QUE O GOVERNO DEVE PONDERAR ESTAS SITUAÇÕES.

O NERA considera que as propostas anunciadas são claramente insuficientes e que o Governo deve adequar e reforçar as medidas de emergência a esta realidade complexa de uma Região especial, que é o Algarve, no ponto mais alto do Verão.

Pode contar com a colaboração responsável dos empresários do Algarve.

 

Por: Nera