A Ordem dos Médicos afirmou hoje que o atraso no exame decisivo a um doente oncológico seguido no Centro Hospitalar do Algarve ocorreu por uma questão administrativa imposta pelo IPO de Lisboa, para onde o exame foi enviado.

A Ordem dos Médicos esteve hoje a ser ouvida na comissão parlamentar de Saúde sobre o atraso num exame pedido pelo Centro Hospitalar do Algarve ao IPO de Lisboa, que era decisivo para um doente com cancro iniciar tratamento, tendo o doente acabado por morrer.

Ulisses Brito, representante da Ordem dos Médicos no Algarve, explicou hoje aos deputados da comissão parlamentar de Saúde que houve uma alteração no protocolo celebrado entre o IPO de Lisboa e a empresa farmacêutica que custeava esses exames ao instituto de oncologia.

“O protocolo foi alterado. Esse protocolo terminou no final de 2019. E quando foi alterado não sabia [o hospital do Algarve] que era preciso um termo de responsabilidade”, afirmou.

Ulisses Brito garante que em causa não estiveram constrangimentos financeiros por parte do Centro Hospitalar do Algarve e afirma que se tratou de uma questão administrativa.

Contudo, o representante da Ordem dos Médicos sublinhou que se concluiu que o doente com cancro do pulmão, que faleceu, não teria condições nem indicações para fazer tratamento.

Ulisses Brito garantiu que “nunca houve constrangimentos orçamentais” apresentados pelo Centro Hospitalar do Algarve para exames ou até para medicamentos necessários.

Atualmente, o Centro Hospitalar do Algarve deixou de enviar essas amostras para serem realizados exames no IPO de Lisboa e passou a enviá-los para Évora, sendo que parte desses exames continua a ter comparticipação de um laboratório farmacêutico.

Também ouvida na comissão de Saúde, a presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar, Ana Paula Gonçalves, recusou a ideia de que o atraso no exame tenha acontecido por constrangimentos financeiros.

Sobre o caso concreto, disse que o hospital enviou o material para a análise para o IPO, como habitualmente, sendo que “nunca antes” tinha sido pedido um termo de responsabilidade.

Foi a falta de envio desse termo de responsabilidade que terá levado a que o IPO devolvesse o exame sem o realizar.

Segundo a informação dada hoje no parlamento aos deputados pela administração, o Centro Hospitalar contactou o IPO quando o caso foi tornado público e terá sido informado de que a exigência de um termo de responsabilidade se prendia com alterações nos serviços.

 

Por: Lusa